Jogo disponibilizado pela QUByte Interactive

Hoje tenho o imenso prazer em trazer a review do metroidvania brasileiro mais importante desde muito tempo, e agradecer imensamente à equipe do estúdio QUByte pela confiança e colaboração com nossa equipe.

História (sem spoilers)

A história do jogo como o título deixa evidente se passa no planeta Marte, nosso vizinho na órbita solar já colonizado no século 22, toda a trama baseia-se em ficção científica bebendo de muitas fontes de inspiração como Doom e Metroid, note essa inspiração não é um ponto negativo pois o jogo tem uma ótima identidade e atmosfera bastante envolvente.

Nos deparamos com um sinal de socorro vindo de Marte e vamos investigar na pele da protagonista Charlote, uma bela protagonista, diga-se de passagem, embora ela não diga uma única palavra durante a gameplay, mas marca bem sua presença e logo você se identifica com a pujança da heroína. No entanto quando chegamos ao nosso destino já enfrentamos um cenário que está longe de ser amigável e logo nos deparamos com uma missão de avaliação e análise de danos, e no decorrer da nossa jornada os fios dessa trama se desenrolam à medida que encontramos arquivos de áudio espalhados pelo cenário, e assim se monta uma trama do porquê o planeta está um caos, e passamos a perseguir o que levou a isso ou quem é o culpado de tais eventos catastróficos.

Sem muitas surpresas ou grandes reviravoltas a história cumpre seu papel de forma satisfatória com toda a gama de espécimes do gênero ficção, com criaturas aberrantes, máquinas furiosas para te exterminar e seres humanos maléficos, em nada disso falta dentro da história e ambientação, para quem é grande aficionado por tramas muito elaboradas talvez não se apaixone tanto assim pela trama do game, mas longe de ser uma história pífia ou descartável, aliás para um projeto embrionário e de orçamento nada astronômico avalio que a história ficou muito competente dentro das possibilidades, entretanto não é aqui que o jogo brilha.

Gameplay

Nesse aspecto o jogo brilha, devo salientar que fui surpreendido de maneira extremamente positivo, não esperava nada muito grandioso dado o fato de ser o primeiro projeto do estúdio nesse gênero, porém, é difícil de descrever o quão boa é a experiência de gameplay sem nenhum exagero.

Pontos positivos a serem elevados definitivamente é o quão boa é o combate do game, tanto a distância já que o game oferece uma variedade pequena de armas mas todas funcionam muito bem dentro da proposta do jogo, e o combate corpo a corpo brilha demais, diversas vezes, na maioria das vezes na realidade em minha jornada buscava estar o mais próximo possível dos inimigos para poder desferir combos aéreos ou terrestres contra os inimigos pois é muito boa a sensação de poder espancar um ou vários inimigos de uma só vez por mais fortes que sejam.

Entretanto a gameplay de combate tem um ponto negativo que se trata da possibilidade dos inimigos te arremessarem de um lado ao outro e assim você ficar impossibilitado de revidar, o que por vezes acaba acontecendo no combate contra os chefes.

Os chefes do jogo são um espetáculo visual à parte (sem nenhum spoiler de quais você enfrentará) e cada um deles, embora na dificuldade padrão não haja enormes desafios, as mecânicas não se repetem embora sejam simples, os combates são bastante divertidos, mas a recompensa por completa-los é definitivamente os power-ups que recebemos, os quais modificam bastante o combate e a dinâmica da gameplay. Caso você caro leitor seja alguém que busque um desafio muito elevado o jogo tem essa possibilidade, nas opções de acessibilidade do game você pode aumentar bruscamente a dificuldade aumentando o dano e vida dos inimigos, e diminuindo drasticamente o seu dano e pontos de vida, ou seja, buscaram agradar os mais casuais até os mais aficionados por desafios.

O ponto alto entretanto na minha jornada em conjunto com o também redator deste site, Ramos Bueno, tivemos experiências completamente distintas pois, ao mesmo passo de tempo que jogamos os caminhos que seguimos dentro do game não fizemos basicamente nada igual, a ordem de chefes e upgrades foram completamente diferentes, algo que no gênero dá uma vontade enorme de terminar a primeira jornada e embarcar logo na próxima em busca de uma nova rota, neste aspecto o jogo surpreendeu tanto que me tirou sorrisos sinceros e me fez ver a quantidade de carinho empregado no desenvolvimento do jogo.

Os controles do jogo respondem de maneira satisfatória, sendo muito simples e ágil executar todos os comandos e habilidades que o game trás.

Gráficos e trilha sonora

Neste aspecto visual o jogo bebeu em diversas fontes do gênero metroidvania, e conseguiram casar perfeitamente a identidade visual que queriam dar ao jogo, sem necessariamente copiar nada previamente feito nos títulos que serviram de inspiração. Ainda nesse ponto vale dizer que os cenários mesmo sendo todos basicamente bases e laboratório, não são cenários sem vida, e que ao meu ver como grande fã da franquia Metroid em especial a série Prime beberam muito desta fonte, as bases tem aspectos distintos como plantas, gelo, metal fundido e lava, que todos convergem muito para o mesmo aspecto do primeiro jogo da série Prime, bases que claramente tem esse aspecto mas com organização e detalhes ricos relacionados a cada ambiente, um belo trabalho pois criaram um planeta Marte único, com vida e ao mesmo tempo atmosfera para te fazer mergulhar no ideal do game.

Em termos de desempenho jogando o tempo todo no Xbox Series S notei algumas quedas na taxa de quadro, e o game crashou uma única vez sem nenhuma grande perda, nada muito aberrante ou que fizesse perder a vontade de jogar, mas que claramente pode ser consertado em atualizações futuras. Os gráficos feitos na Unreal Engine não fazem dele uma obra prima nesse aspecto, mas são de encher os olhos e muito agradam dado o valor que é cobrado no jogo. (para saber mais sobre o desempenho no PC também temos a review da versão da Steam por Ramos Bueno).

No trabalho de áudio o jogo não é uma obra prima, mas passa longe de fazer feio no meio ao qual está inserido, todas as músicas casam bem com cada cenário ou chefe que enfrentamos, mas o único ponto negativo é que por vezes a trilha é muito baixa e dependendo do nível de concentração do jogador ela pode passar despercebida facilmente. Contudo a atmosfera e a trilha são bastante coesas, não há um sentimento de que estamos ouvindo efeitos ou músicas que não tem nenhuma correlação com a atmosfera do game.

Considerações finais

Não espere um jogo com ação visceral o tempo todo, ou que te arranque lágrimas do jogador, o objetivo do game claramente é divertir e isso ele cumpre categoricamente como em todo bom metroidvania você jogador se verá perdido, indo de um canto ao outro procurando o que fazer agora. Gameplay agradável e muito competente, dificuldade muito bem alinhada para qualquer tipo de jogador, de novato à experiente, todos terão uma jornada prazerosa e tremendamente divertida.

Sem absolutamente nenhum grande problema de desempenho nas versões de Xbox o jogo se sai bem ao ponto de parecer fugir à uma regra da indústria que é esperarmos desempenho pífio na primeira versão do jogo no dia do lançamento, detalhe este que o jogo não dispõe de patch day one pois não é necessário.

Dadas todas as análises que pude experimentar a minha jornada foi muito divertida e prazerosa, não posso de maneira alguma não enaltecer o belíssimo e caprichado trabalho do estúdio neste jogo.

OBS: Análise não encomendada e/ou monetizada pelo estúdio, todo conteúdo aqui relatado é de autoria pessoal e de livre espontânea vontade.

MARS 2120

Um sólido e merecido 10 para o primeiro projeto e mais competente metroidvania brasileiro que pudemos presenciar.
Pessoalmente recomendo tremendamente o jogo a todos que gostam ou que nunca tiveram contato com o gênero pois é uma aventura muito divertida, prazerosa e satisfatória de se degustar.

10