Cronos: The New Dawn | PS5

Descubra mais de Cronos: The New Dawn, survival horror que mistura retrofuturismo, ação intensa e viagens no tempo. Imersão e desafios aguardam novos jogadores

Cronos: The New Dawn foi revelado em abril de 2025. De longe, a estética retrô-futurista foi o que mais me chamou a atenção. Lançar uma nova IP sempre é um movimento ousado e fico feliz que a Bloober Team tenha feito isso. Cronos, ao mesmo tempo que pega ideias de seus irmãos mais velhos como Dead Space e até Resident Evil 2 Remake, consegue também trazer conceitos originais para o mundo do survival horror. Definitivamente, a Polônia dos anos 80 assolada por uma espécie de anomalia vil que transforma pessoas em organismos deformados consegue se distanciar de cenários clichês ou americanizados. O escafandro já icônico que a viajante traja e os primeiros encontros com os órfãos, os monstros do jogo, criam uma sensação de epicidade que me lembra a primeira incursão em Dead Space no meu saudoso PS3.

História

Cronos faz paralelos com a vida real para contar a trama e o peso emocional aqui é constante. Dor, perda e, claro, a ganância da humanidade são temas centrais. E o catalisador? Uma pandemia. A Bloober Team não poupa o jogador em nenhum momento e definitivamente isso é um dos PONTOS ALTOS do jogo. A época difícil e a total incapacidade do governo em cuidar da população são tão palpáveis que é praticamente impossível não comparar com o que vivemos no ano de 2020. A viajante que serve a um propósito desconhecido. Um grupo chamado Coletivo, responsável pelo seu despertar. A coleta de essências humanas sendo a missão principal. Viagens temporais. O jogo começa já com tudo e só vai entregando o ouro conforme o jogador desvenda tudo através de textos e diálogos. Recomendo que você não tenha pressa e leia tudo que puder.

Gráficos e Ambientação

Os gráficos do jogo flutuam entre bonito e mediano. Esse problema se deve às texturas. Em alguns casos, elas demoram a carregar, gerando cenas com borrões, e as paredes da biomassa ao redor dos ambientes em alguns casos parecem ser de massinha. Contudo, o design dos chefes, inimigos, ambientes metálicos e de madeira são belíssimos. E nem preciso dizer o quão bem feito é o traje já icônico da viajante. A Bloober Team teve suas batalhas criando o mundo do jogo, mas o design do escafandro e dos ambientes no geral, apesar de tudo, são belíssimos. A iluminação precária combina bastante com o tema de horror, e o gore aqui, apesar de pontual, é bem feito. Cronos: The New Dawn parece um filme de ficção científica dos anos 1980 e tudo isso dá um charme absurdo até mesmo nos diálogos da personagem com outras figuras que você esbarra. A cidade de Nova Alvorada, ou o que restou dela, é macabra e nada convidativa, e as viagens temporais visitando como esses lugares costumavam ser também só aumentam a qualidade da ambientação. 

Jogabilidade

Se você jogou qualquer jogo do gênero nos últimos anos vai se sentir em casa. Gatilhos do controle para mirar e atirar. Botões de ação para correr, coletar itens, se curar mais rápido e mudar a sistemática do tiro alternativo que tem a função aqui não só no combate, restaurando tambores explosivos, mas de exploração e puzzles diretamente associados a anomalias temporais e eletricidade. São simplificadas? Sim, porém muito divertidas. Senti falta de um comando de virar rapidamente para o outro lado, como em outros jogos, mas aqui a premissa é justamente a movimentação dura e pesada da protagonista. A única coisa que me incomodou de verdade é a demora em trocar do modo de tiro convencional para usar um item que você coleta depois. Um consumível essencial para te salvar em momentos de aperto demorar a alternar para o modo de mira deixa qualquer um maluco. Existem dois botões para ataque físico: um é para o pisão e outro para dois socos em combo. Eu recomendo apenas em inimigos menores, pois seu uso em inimigos mais fortes e rápidos pode ser bem punitivo devido à movimentação mais lenta da protagonista. Acho interessante quando um jogo aposta em uma jogabilidade mais metódica e tática e definitivamente o saldo aqui é positivo para Cronos: The New Dawn.

Som e Música

As músicas do jogo são pontuais, mas se encaixam sempre na situação de perigo que o jogador se coloca. Efeitos sonoros de gritos dos inimigos e os barulhos horríveis da pulsação da biomassa e dos tiros acertando nada mais do que uma casca do que já foi uma pessoa… Cronos: The New Dawn é daqueles tipos de jogos que não seguram os freios. O time aqui soube exatamente o que queria e esse foco transparece em cada combate e interação do jogo. E é impressionante como os efeitos sonoros se destacam ainda mais. No trailer, a movimentação pesada do traje, passos e respiração da viajante foram um baita destaque e a versão final do jogo é impecável nesse quesito. Barulhos de porta se fechando, passos de inimigos, gritos e até sons metalizados, por mais baixos que sejam, arrepiam o jogador a todo momento. Em uma batalha pela vida, torcendo para que um bruto caísse com um tiro da minha escopeta, eu não pude deixar de ouvir a respiração acelerada, mas tensa, da protagonista. Com pouca vida, correndo para tomar distância e evitar um golpe que me finalizaria, eu finalmente retribuí todo o amor que me foi dado com um tiro carregado na cabeça. A imersão se deu pelos detalhes feitos com tanto amor pela equipe de engenharia sonora da Bloober Team. Toda a sonografia do jogo é brilhante e não consigo achar um defeito que seja. Ponto altíssimo do jogo. Joguem com os melhores fones que vocês puderem ter e, se possível, à noite para submergir em um dos melhores trabalhos que pude presenciar no gênero survival-horror.

Performance e Parte Técnica

Cronos: The New Dawn infelizmente está com problemas de otimização. Quedas de FPS são frequentes. Carregamento de texturas em cutscenes acontecem e, principalmente no ato final, eu tive bugs de som extremamente chatos. E NÃO SÓ AFETAVAM a imersão como o som do tiro, de passos e da arma sumiram. Depois de reiniciar o jogo ele funcionava, mas é urgente a correção desses problemas. Ao fazer o NG+, eu passei pela mesma seção perto do final e os problemas se repetiram única e exclusivamente naquele local. Logicamente estamos falando de um jogo grande, mas de menor investimento, então, é compreensível os desafios do time nessa parte, mas também jamais seria leviano em não passar a vocês a situação clara do jogo na versão do PlayStation 5 Base. No Discord, aparentemente foi dito pelos desenvolvedores que eles já estão preparando mais patches, então cabe a nós ter paciência e notar que esses problemas, mesmo acontecendo na versão que joguei, não me impediram de jogar a obra por duas vezes seguidas.

Cronos: The New Dawn

Cronos: The New Dawn já chegou e marcou seu lugar no hall de grandes jogos do gênero survival-horror. Com uma temática retrô-futurista, protagonista icônica e sistemas de combate e exploração divertidos, é seguro afirmar que a compra é recomendada. Seus bugs de performance e som são um pouco chatos e a disparidade gráfica em alguns momentos denota que há um caminho ainda a ser percorrido. Ainda assim, a campanha tem um alto valor de replay, com um NG+ e modo DIFÍCIL liberados logo na finalização da jornada regular. O final definitivo liberado no NG+ pode dividir a comunidade quanto à necessidade de se fazer isso, mas incentivar o jogador a uma nova jogatina usando do roteiro temporal e com uma dificuldade mais alta me fisgou e pode também te fazer mudar de ideia mediante a alta qualidade do pacote. A campanha varia de 10 a 15 horas, mas diverte a ponto de aumentar esse número para generosas 30 horas para complecionistas como eu. Mal posso esperar pela sequência e por mais jogos desse time tão talentoso. O golpe polonês foi dado e, dessa vez, eu caí com gosto nele.

8.5