Move & Translate: Por que a Localização de Games é o “Level Up” que o Mercado Brasileiro Precisava

Por Rafael Paganotti

Se você já se sentiu parte de uma história épica enquanto jogava, provavelmente deve agradecer a um time que trabalhou nos bastidores para que aquela experiência não fosse apenas traduzida, mas vivida no seu idioma. Recentemente, tive o prazer de participar do evento Move & Translate na Faculdade Phorte, onde mergulhamos no universo da tradução e localização de games um mercado que não para de crescer e que vai muito além de simplesmente trocar palavras de uma língua para outra.

Tradução vs. Localização: Qual a diferença?

Muitas vezes usamos os termos como sinônimos, mas, como aprendemos no evento, há uma diferença crucial. Enquanto a tradução foca na fidelidade ao texto original, a localização é o processo de adaptar o jogo culturalmente para um novo público.

Localizar é entender que uma piada em inglês pode perder a graça se traduzida literalmente, ou que uma gíria específica pode criar uma conexão imediata com o jogador brasileiro. É sobre dar alma ao jogo em território nacional.

O Caso dos “Edinhos”: A genialidade de Cyberpunk 2077

Um dos melhores exemplos modernos de localização bem-feita é o Cyberpunk 2077. O jogo é um prato cheio de adaptações que mostram como o time brasileiro teve liberdade criativa.

Um detalhe que sempre me faz rir e que exemplifica perfeitamente isso é a forma como o dinheiro é tratado. No original, a moeda é o “Eurodollar” (ou eddies). Na nossa versão, isso foi adaptado de forma brilhante para “Edinhos”. É o tipo de detalhe que faz o universo parecer mais próximo de nós, transformando um termo futurista em algo que soa naturalmente “brasileiro”.

Somado a isso, temos dublagens e legendas impecáveis em títulos como Assassin’s Creed, que garantem que a imersão não seja quebrada por uma frase mal construída ou fora de contexto.


O Brasil no Centro do Mapa

O mercado gamer no Brasil não é mais uma promessa; é uma realidade gigante. Hoje, somos um dos maiores mercados de consumo de jogos do mundo. Isso gera uma demanda absurda por profissionais qualificados que entendam de:

  • Dublagem e Atuação de Voz: Para dar emoção e tom correto aos personagens.
  • Adaptação Cultural: Para garantir que referências façam sentido.
  • Tecnologia: Para encaixar textos (muitas vezes maiores em português) dentro das caixas de diálogo originais.

Por que isso é tão legal?

Como mencionei no evento da Phorte, a tradução é, acima de tudo, uma ferramenta de união e acessibilidade. Ela une povos. Quando um jogo é bem localizado, ele derruba as barreiras do idioma e permite que qualquer pessoa, independentemente de saber inglês ou japonês, sinta a mesma emoção que o desenvolvedor planejou lá no início.

Ver o crescimento dessa área e saber que temos instituições e especialistas (como os que conheci no Move & Translate) dedicados a profissionalizar esse setor é fenomenal. A localização dá voz ao jogador e coloca o Brasil, definitivamente, no “Play” do cenário global.