Empresas de tecnologia estão investindo pesado na criação de clones digitais

Mas, calma! Ainda estamos, aparentemente, longe de sermos totalmente substituídos
Synthesia

Todos nós já ouvimos as piadas sobre clonagem no ambiente de trabalho. O funcionário indispensável, o que brilhantemente desempenha suas tarefas e cuja eficiência nos faz desejar que houvesse mais de um. Com a rápida evolução da inteligência artificial (IA), essa piada pode estar mais próxima da realidade do que pensamos.

Os clones digitais, também conhecidos como avatares, estão gerando um grande impacto em diversas áreas como negócios, economia, ciência e artes. No entanto, essas cópias digitais de seres humanos também levantam questões éticas que ainda não têm respostas claras.

Tom Mackenzie, âncora da Bloomberg Television, a rede de televisão operada pela agência de notícias Bloomberg com versão disponível no Brasil pela Amazon Prime vídeo, decidiu colocar essa tecnologia à prova e se clonou. O resultado? Uma versão digital de si mesmo, alimentada por IA, capaz de imitar sua aparência, comportamento e voz. Esse clone, desenvolvido pela Synthesia, uma plataforma de mídia sintética de Londres, e usando o ChatGPT para gerar respostas, tem surpreendido pelo realismo.

Bloomberg / Clones

Foto: Bloomberg

O mercado de avatares digitais está em rápida expansão. Espera-se que ele movimente US$ 527 bilhões até o final da década. A Synthesia, que já levantou US$ 50 milhões em investimentos e desenvolveu avatares para mais de 15.000 empresas, incluindo McDonald’s Corp., Accenture (multinacional de consultoria de gestão) e o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, é uma das líderes desse mercado.

Os avatares prometem aumentar a eficiência das organizações e substituir documentos e apresentações por vídeos mais envolventes. Por cerca de US$ 1.000 por avatar personalizado, a Synthesia já criou até um David Beckham sintético, capaz de falar nove idiomas.

Apesar do entusiasmo, é necessário considerar os riscos associados a essa tecnologia. A falta de regulamentação e diretrizes éticas, combinada com a rapidez do avanço tecnológico, podem abrir espaço para o uso indevido dos avatares, especialmente no que diz respeito às chamadas “deepfakes”, ou falsificações profundas.

Vídeo: Synthesia

Além disso, o medo da substituição de trabalhos humanos por avatares também é uma preocupação relevante. Diante dessa questão, o Avatar Tom respondeu: “Os âncoras de TV humanos trazem qualidades únicas, como carisma, pensamento crítico e adaptabilidade. Então fique tranquilo, estou aqui para ajudar, não para tomar o seu lugar.”

Portanto, apesar da ameaça de substituição ainda parecer distante, a era dos clones digitais está mais próxima do que nunca. E, embora o emprego do humano Mackenzie pareça seguro por enquanto, resta saber por quanto tempo isso permanecerá verdadeiro.

Fonte: Bloomberg