A aula de informática mais popular da internet, o CS50 da Universidade de Harvard, está incorporando Inteligência Artificial (IA) em seus processos de ensino. O professor David J. Malan pretende utilizar IA para avaliar tarefas, ensinar codificação e personalizar dicas de aprendizado.
O CS50, um curso introdutório de ciência da computação, atrai centenas de estudantes no campus e mais de 40.000 online. O estilo envolvente e dinâmico de Malan é creditado por transformar as aulas convencionais de programação de software e desenvolvimento web em uma experiência interativa e divertida.
Com um número crescente de alunos que se conectam de diferentes fusos horários e com níveis variados de conhecimento, fornecer suporte adaptado tornou-se um desafio. “Temos muito mais alunos online do que professores”, disse Malan, de 46 anos.
David J. Malan / Foto: Harvard
Em resposta a esses desafios, a equipe do professor está ajustando um sistema de IA para avaliar o trabalho dos alunos e testando um assistente de ensino virtual. Este assistente faz perguntas retóricas e oferece sugestões, ajudando os alunos a aprender, em vez de apenas detectar erros e corrigir bugs de codificação.
O advento da IA tem gerado preocupações sobre a possibilidade de facilitar a trapaça e o plágio entre os estudantes. Apesar desses receios, Malan acredita que a adoção de IA pelo CS50 pode realçar seus benefícios para a educação, como a melhoria da qualidade e do acesso ao aprendizado online. Só nos Estados Unidos, a indústria de aprendizado online está prevista para crescer para US$ 348 bilhões até 2030, quase triplicando desde 2022.
O CS50, que começou como uma única aula introdutória de computação, agora se transformou em uma série de aulas com 1,4 milhão de assinantes do YouTube. Mais de 4,7 milhões de pessoas se inscreveram no curso, que agora está disponível na plataforma de aprendizado digital edX, criada por Harvard e pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Entretanto, especialistas recomendam cautela ao adotar a IA, já que a tecnologia ainda está em desenvolvimento e sujeita a erros. Recentemente, executivos de grandes empresas de IA, como a OpenAI e a DeepMind da Alphabet Inc., emitiram um aviso sobre o “risco de extinção” da humanidade com o crescente desenvolvimento da inteligência artificial.
O uso da IA na educação também apresenta riscos éticos, principalmente na coleta de dados para personalização das aulas. Emma Taylor, analista da consultoria GlobalData Plc (empresa de análise e consultoria de dados, com sede em Londres, Inglaterra), alerta que as plataformas de ensino devem garantir a privacidade dos alunos e tornar os processos de coleta de dados transparentes.
