Estado americano proíbe TikTok e moradores contra-atacam

Influenciadora local uniu-se a colegas para contestar legalmente a proibição

Vivendo na zona rural de Montana, nos Estados Unidos, Carly Ann Goddard desafia os estereótipos de isolamento ao alcançar um público de quase 100.000 pessoas através do TikTok. Essa jovem de 22 anos utiliza a plataforma para narrar a vida como esposa de um fazendeiro, criando laços com seguidores e gerando receita com parcerias comerciais. Porém, a decisão recente do estado de Montana de banir o TikTok pode virar sua vida de cabeça para baixo.

Em uma atitude sem precedentes, Montana tornou-se o primeiro estado norte-americano a proibir o uso do TikTok, citando preocupações sobre a segurança de dados pessoais dos usuários e a propagação de propaganda antiamericana. Apesar de os conteúdos de Goddard serem inofensivos, focados em sua vida familiar e receitas favoritas, a influenciadora teme que a proibição possa privá-la das oportunidades que o aplicativo lhe proporciona.

Este acontecimento forçou Goddard a reconsiderar seus planos futuros, inclusive o de expandir sua família e a possibilidade de se mudar para a Flórida. Insatisfeita com a decisão, ela juntou-se a outros quatro usuários do TikTok para impetrar um processo contra a proibição, alegando violação dos direitos da Primeira Emenda da Constituição americana. Essa iniciativa colocou Goddard no centro de um acalorado debate, que vai além das fronteiras de Montana e permeia todo o país.

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Carly Ann Goddard e família / Foto: Instagram

A proibição do TikTok é apenas uma das várias questões que estão agitando o estado de Montana atualmente. Além das preocupações com a privacidade dos dados, os residentes também estão enfrentando a chegada massiva de trabalhadores remotos, o que resultou em aumento expressivo nos preços dos imóveis e no estilo de vida nas cidades. Ao mesmo tempo, o estado enfrenta desafios em relação aos direitos dos transgêneros, ao aborto e à questão ambiental.

As opiniões dos moradores de Montana sobre a proibição do TikTok são diversas. Segundo uma pesquisa do Washington Post, 41% dos americanos apoiam a proibição do TikTok, enquanto 25% se opõem e 34% ainda estão indecisos. Entre os coautores de Goddard no processo contra a proibição está Heather DiRocco, veterana militar, que se sente compelida a lutar contra a proibição do TikTok, interpretando-a como uma ameaça às liberdades garantidas no país.

O desafio legal apresentado por Goddard e seus colegas argumenta que a lei viola a proibição da Constituição dos EUA contra a punição de uma empresa ou pessoa específica sem o devido processo legal. Entretanto, muitos moradores de Montana estão mais preocupados com o aumento dos preços das residências e com o impacto da chegada de novos moradores do que com a proibição do TikTok. Este cenário demonstra a complexidade e o impacto que as tecnologias emergentes e políticas de privacidade podem ter.

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“Não é apenas sobre dinheiro”, disse Goddard. “É sobre se conectar com as pessoas, é sobre se sentir parte de algo maior. É sobre se sentir menos isolada.”

Para muitos jovens em Montana, como Goddard, a tecnologia representa uma forma de transcender as limitações geográficas e se conectar com o mundo exterior. E embora o TikTok possa ser a atual plataforma de escolha para essa conexão, a questão é muito mais ampla. Trata-se de quem tem o direito de controlar o acesso à tecnologia e como ela é usada, bem como sobre como a evolução tecnológica está moldando a vida em lugares como Montana.

Apesar da incerteza sobre o futuro da proibição do TikTok, Goddard permanece determinada a continuar compartilhando sua vida e experiências online. Para ela e muitos outros, não se trata apenas de uma plataforma de mídia social, mas de liberdade de expressão e direito à conexão.

Fonte: The Washington Post