O universo dos editores de imagem amadores acaba de ganhar uma adição inesperada: a inteligência artificial. Imagine o impacto de ver o retrato do seu amigo transmutado em um palhaço em poucos segundos. Agora, esse sonho – ou pesadelo, dependendo do ponto de vista – é possível graças à nova IA do Adobe Photoshop.
Com este recurso, até mesmo um neófito no Photoshop pode fazer maravilhas assustadoras. Geoffrey A. Fowler, colunista de tecnologia do The Washington Post, por exemplo, se transformou de um respeitado jornalista em um palhaço com um arco-íris de madeixas encaracoladas em uma experiência recente. E ele realizou a façanha em poucos cliques, provando que a IA está revolucionando o jogo – para melhor ou para pior, dependendo da perspectiva.
Mas, o poder da IA no Photoshop vai além das brincadeiras. Com apenas alguns cliques, você pode remover, por exemplo, seu “ex” ou sua “ex” das fotos de férias. A única ressalva é que a IA, sendo imprevisível, pode substituir o citado “ex” por uma figura cujo rosto parece estar derretendo.
Como tudo na vida, essa “maravilha tecnológica” tem dois lados. Por um lado, a nova função de IA pode transformar fotos em obras de arte ou experiências surreais. Por outro, também pode ser usada para manipular e até explorar. Afinal, com o Photoshop movido a inteligência artificial ao alcance de todos, como podemos confiar no que vemos?
O programa de edição de imagens está entrando em uma nova era, por assim dizer. Um novo tempo onde as limitações humanas são substituídas pela precisão e capacidade da IA. Com a nova função ‘preenchimento generativo’, pode-se alterar e criar imagens com um grau de detalhe e precisão que seria impossível de alcançar manualmente.
Mas, e se essa nova tecnologia for usada para fins sinistros ou politicamente incorretos? Se uma foto de um incêndio fictício no Pentágono pode mover o mercado de ações, como contamos há pouco tempo aqui no Safe Zone, o que impedirá os mal-intencionados de usarem a tecnologia para espalhar desinformação, principalmente em países tão polarizados politicamente como o Brasil?
Por mais assustadora que essa possibilidade possa parecer, é bom que se diga que a IA no Photoshop ainda tem suas limitações. Exemplifica o fato de ainda não ser capaz de gerar rostos humanos realistas. Por enquanto, essa falha é uma espécie de salvaguarda contra o abuso de deepfakes. Mas até quando?
Pelo registrado na coluna de tecnologia do The Washington Post, ainda há muito que a IA do Photoshop não pode fazer. Mas, ela está transformando a maneira como interagimos com nossas imagens e, com certeza, vai trazer mudanças.
As ramificações são inúmeras, fascinantes e potencialmente perigosas. Artistas e fotógrafos podem, por exemplo, usar essa tecnologia para levar sua arte a novos patamares. Mas, a questão permanece: estamos preparados para as consequências?
Quando se fala do que a IA do Photoshop faz mal, as críticas não são poucas. Apesar de todas as façanhas demonstradas, a inteligência artificial ainda revela certa deficiência quando se trata de gerar objetos que se parecem genuínos. A criação de rostos humanos normais ainda é um obstáculo que ela não conseguiu superar, como citamos.
Para os entusiastas, com os avanços recentes, o programa de edição provou que pode ser uma ferramenta poderosa. Mas, é sempre bom lembrar que tanto avanço também tem um lado obscuro. A IA do Photoshop poderia ser usada, como apontamos, para criar deepfakes ou espalhar desinformação. E, embora existam limitações práticas que impeçam seu uso impróprio no momento, como a resolução máxima de 1.024 por 1.024 pixels para qualquer área preenchida, esses limites poderiam ser superados no futuro?
Trata-se de pergunta válida e importante. Na era da pós-verdade, a questão é mais importante do que nunca. Dito isto, pode-se questionar se o Photoshop com IA será parte de nossa nova realidade ou a possível ruína de reputações e instrumento para manipulação. Claro que são dúvidas que somente o tempo esclarecerá. Até lá, aposto que vários leitores vão querer desfrutar da alegria de transformar amigos em “palhaços” enquanto torcem para que as deepfakes não os engane.