A IA vai nos destruir ou apenas nos enganar?

Especialistas estão em desacordo sobre os riscos da IA. Enquanto alguns veem um potencial apocalipse, outros estão mais preocupados com desinformação

A crescente evolução da inteligência artificial (IA) tem gerado debates fervorosos entre os líderes da tecnologia. A questão central é: quão perigosa é realmente a IA?

Enquanto alguns visionários, como Dario Amodei, da Anthropic, e Sam Altman, da OpenAI, criadora do ChatGPT, alertam sobre os perigos potencialmente catastróficos da inteligência artificial, outros especialistas argumentam que as preocupações imediatas, como viés e desinformação, são mais urgentes.

Dario Amodei e Elon Musk, magnata da tecnologia, estão, por exemplo, entre os que veem a IA como uma ameaça potencial à existência humana. Eles não estão sozinhos nesse pensamento, com reuniões de alto nível de pesquisadores e cientistas sendo convocadas periodicamente para discutir tais “cenários do juízo final”.

A IA vai nos destruir ou apenas nos enganar?

Por outro lado, outro grupo vê os alertas apocalípticos como exagerados e acreditam que o foco deve estar nos problemas atuais da inteligência artificial, como a propagação de desinformação e a amplificação de vieses humanos.

Nicolas Miailhe, da Future Society, organização americana sem fins lucrativos, fundada em 1968 e que promove o pensamento sobre o futuro, destaca a crescente divisão entre os que estão preocupados com os riscos de longo prazo da IA e aqueles que estão focados nos desafios imediatos.

A discussão sobre os riscos da inteligência artificial ganhou destaque, como deve lembrar o leitor da Safe Zone, após o lançamento do ChatGPT pela OpenAI, que apresentou capacidades semelhantes às humanas, levantando preocupações sobre o potencial da tecnologia.

Antes, discutir os riscos existenciais da IA era visto como pensamento à margem da realidade. No entanto, com o avanço da tecnologia, essa discussão tornou-se essencial, com pesquisadores renomados, como Geoffrey Hinton, psicólogo cognitivo e cientista da computação anglo-canadense, entrando no debate.

Alguns argumentam que a ênfase no risco existencial da inteligência artificial é uma estratégia de marketing para destacar a sofisticação da tecnologia. Daniel Schoenberger, ex-advogado do Google, por exemplo, sugere que o foco deve estar nos riscos de curto prazo. Apesar das críticas, no entanto, líderes como Sam Altman defendem que suas preocupações são genuínas e não uma estratégia de marketing. Já os especialistas em ética e justiça de vários países estão preocupados com a forma como a IA está sendo usada atualmente, explorando trabalhadores e aprofundando a desigualdade.

Por outro lado, os “doomers”, pessoas que têm uma visão pessimista e sombria do mundo, não acreditam necessariamente que a inteligência artificial se tornará uma entidade destrutiva como Skynet, da série de filmes “Exterminador do Futuro”, mas temem que sistemas de IA possam, inadvertidamente, prejudicar os humanos ou até mesmo superá-los.

Para prevenir tal cenário, a comunidade científica estaria focada em garantir que as futuras mentes computacionais tenham objetivos alinhados com os interesses humanos.

Com tanto dissenso e alertas contraditórios, é importante considerar que todas as perspectivas citadas sobre os riscos da IA têm certo mérito. Apesar das divergências, pesquisadores e cientistas concordam que é essencial que se preste atenção tanto aos desafios imediatos quanto aos de longo prazo para garantir um futuro seguro e benéfico com a inteligência artificial.

Fonte: The Wall Street Journal