Assassin's Creed: Mirage - Uma Odisseia em Bagdá

Assassin’s Creed: Mirage é o mais novo jogo da saga da Ubisoft. A ideia de Mirage surgiu como uma expansão de Assassin’s Creed: Valhalla, mas tornou-se um título à parte da saga, feito como uma homenagem aos clássicos da série. Como um grande fã da franquia, não poderia deixar de fazer a análise desse novo título.

A história

Em Mirage, o jogador é levado para o ano de 861 d.C., na pele de Basim, um jovem ladrão de rua que passa seus dias roubando na cidade de Âmbar, um distrito de Bagdá, e à noite é atormentado por pesadelos. Ele já conhece sobre o Credo dos Assassinos (ou Ordem dos Ocultos) e admira muito seus membros. Após um roubo fracassado, ele foge de Âmbar com a ajuda da Mestra Assassina Rosham e é levado a Alamut, local que é o centro de treinamento da Irmandade de Alamut. Somos apresentados a Rayhan, Mentor do Credo e supervisor da Irmandade, e a Fuladh, o Águia – Mestre da Irmandade. Somos treinados e iniciados na ordem por Rosham. Após ser iniciado na ordem, Basim trilha sua história em busca de respostas sobre suas visões e pesadelos, enquanto conquista seu lugar no credo.

Diferente de muitos outros Assassin’s Creed, Mirage nos traz uma trama focada totalmente na ordem dos Ocultos, voltando às origens dos Assassin’s clássicos, como Assassin’s Creed: 1 e 2, focando bastante nos rituais, ritos de passagem e vestimentas da irmandade.

Passando-se 20 anos antes da trama de Assassin’s Creed: Valhalla, vemos um Basim mais jovem e dando seus primeiros passos dentro da ordem. Sua personalidade é bem diferente de sua versão 20 anos mais velha, porém sua personalidade forte e humana fazem o jogador se apegar ao personagem. Claro que Basim não tem o carisma de Ezio Auditore, mas é um ótimo personagem e seu desenvolvimento na trama é gigantesco, vemos ele evoluir na ordem como um assassino e como pessoa, passando por missões do credo e muitas reviravoltas.

Movimentação e Jogabilidade

O parkour, que é algo muito importante na saga, é muito bem trabalhado. Claro que temos algumas animações recicladas de outros títulos da saga, porém foram refinadas. Basim se movimenta com muito mais fluidez, dando uma sensação mais natural à movimentação como um todo. Nem todos os lugares podem ser escalados; temos pontos específicos para escalar. O cenário basicamente é feito para o jogador andar pelos telhados e usar bastante da mecânica do parkour, lembrando bastante os primeiros títulos da saga.

Temos muitas mudanças nas mecânicas e a volta de mecânicas clássicas com Assassin’s Creed: Mirage. O RPG ainda está presente, porém de uma forma muito diferente dos últimos títulos, não usando mais o sistema de níveis, mas sim o sistema de graus da irmandade, tornando mais intuitivo e menos desgastante a evolução do jogador, seguindo mais linear e voltando a suas origens, focando mais em história. Podemos bater carteiras de novo, algo que há bastante tempo não era visto na franquia, sendo muito útil para o jogador adquirir recursos. Mas a mecânica que mais me chamou atenção com seu retorno são as técnicas de infiltração. O jogador pode escolher diversas formas para se infiltrar em lugares protegidos, podendo ser silencioso ou até contratar um músico para distrair os guardas. Cada local tem seus pontos fracos e modos de infiltração, tendo um grande fator replay e também deixando a experiência única de jogador para jogador.

Combate

Acho que o combate foi uma das mecânicas que mais sofreu mudanças. Não temos mais um vasto arsenal de armas ou habilidades dignas de um super-humano, mas sim um combate bem mais simples e clássico, com um arsenal pequeno, mas letal, e habilidades básicas. Se você for jogar Mirage, notará que o combate é bem inspirado no combate da trilogia clássica, não mais baseado em usar habilidades mirabolantes, mas sim na aparagem de ataques, que era bem obsoleta nos últimos jogos, mas muito usada nos clássicos e sendo muito necessária em Mirage, deixando o combate bem difícil, muitas vezes fazendo o jogador optar por ser stealth do que lutar diretamente com o inimigo. E por falar em inimigos, temos diferentes tipos de inimigos, alguns com armaduras que os protegem de danos, fazendo o jogador achar uma forma única para derrotá-los. O combate direto em Mirage é muito desafiador e divertido.

Além das armas tradicionais, temos o foco de assassino que nos permite neutralizar inimigos em sequência e as ferramentas de assassino, ferramentas essas que vamos desbloqueando ao longo da história e grau no credo, sendo uma mecânica clássica e há muito tempo obsoleta na franquia. Podemos usar armadilhas, facas de arremesso, bombas de fumaça e outras ferramentas, sendo de grande ajuda nas infiltrações e na forma que o jogador decidir seguir.

Ambientação e Período Histórico

Ambientada em Bagdá, mais especificamente no século 9, Bagdá era a capital do Califado Abássida, um dos impérios muçulmanos mais poderosos da época. A cidade era um importante centro cultural, intelectual e comercial, conhecido por sua riqueza e diversidade. Bagdá abrigava a renomada Casa da Sabedoria, uma instituição que promovia o estudo e a tradução de textos antigos em diversas disciplinas, contribuindo significativamente para o conhecimento humano. A cidade também era um centro de comércio e intercâmbio cultural, ligando o Oriente e o Ocidente. O século 9 em Bagdá foi marcado por uma era de ouro da cultura islâmica, com avanços significativos na ciência, matemática, medicina e filosofia, muitos dos quais influenciaram o mundo ocidental posteriormente.

A Ubisoft trabalhou muito bem em trazer esse período histórico para nós, os jogadores são transportados para uma Bagdá recriada fielmente, com suas mesquitas majestosas, palácios deslumbrantes e mercados movimentados.

Assassin's Creed Mirage

Assassin’s Creed: Mirage acerta muito bem em voltar às origens da franquia com foco principal na Irmandade dos Assassinos e seus costumes, trazendo um rico cenário, tanto arquitetônico quanto cultural, juntando muito bem o melhor dos jogos clássicos e mais atuais da saga, acertando em cheio em agradar os fãs da trilogia clássica (inclusive este que vos fala), sendo a essência da saga em uma nova visão.

10
  • Retorno as origens da franquia
  • Foco no stealth
  • Bagdá é extremamente detalhada
  • Contexto histórico bem explicado
  • Parkour ao estilo clássico
  • Pouca exploração do presente