Expansão disponibilizada pela Bungie

Esta análise não contém spoilers da campanha, nem aspectos que prejudiquem a experiência do jogador.

Após um grande adiamento no lançamento da última expansão de Destiny 2, que traz o encerramento do arco de história de Luz versus Trevas, prometido para o início do ano, recebemos, em 4 de junho, a derradeira expansão. Hoje, irei descrever minhas impressões e experiência com esse novo e último episódio (será?) da franquia.

Gráficos e visuais

Para início da análise, vou tratar sobre os gráficos e a direção artística, que, a meu ver, é o ponto menos importante a ser discutido, porém não passa nem perto de ser um ponto esquecível.

No início da jornada que nos leva ao encerramento do arco de história que levou bastante tempo para chegar à sua conclusão, nos deparamos com visuais incríveis no novo destino, o Coração Pálido. Nesse novo ambiente, não nos deparamos com um salto gráfico significante, mas, no caso, a direção de arte na escolha do jogo de cores e detalhes nas localidades e estruturas é certamente um ponto que vale nossa atenção e que nos enche os olhos logo à primeira vista. Vários efeitos visuais dão vida, identidade e criam uma imagem singular dentro deste novo destino. Antes, cada localidade era bastante distinta e bem organizada, fazendo-nos sentir que aquele local é literalmente como deve ser e nada além disso. No entanto, nesse novo destino, nos deparamos com uma mistura de localidades e biomas, porém uma mistura muito harmônica. Nada parece fora do lugar, por mais abstrato que seja. O jogo de cores utilizado também contribui para que nenhuma cor salte aos olhos e ofusque outras.

Tecnicamente falando, o Coração Pálido é difícil de descrever em palavras, dado o excelente trabalho empenhado pela equipe artística da Bungie. Já havíamos visto lugares incríveis, como a Cidade Onírica, mas o trabalho em termos de beleza e harmonia artística foi elevado em cada detalhe. Temos, então, a experiência de acordo com cada parte da jornada: em alguns momentos, a ambientação transmite tranquilidade e até nostalgia, enquanto em outros momentos, o Coração Pálido passa o sentimento de desolação, destruição e abandono. Neste aspecto, é uma experiência que salta aos olhos e atingiu toda e qualquer meta que os jogadores possam ter colocado, não importa quão alta fosse essa régua.

Jogabilidade

A jogabilidade do jogo se manteve sólida como sempre, mantendo os aspectos de novas subclasses que foram introduzidas com o decorrer do tempo. As habilidades funcionam perfeitamente bem, desde as subclasses solares até as de trevas. Durante minha jogatina, não tive nenhum problema com habilidades deixando de funcionar, ou então habilidades quebradas que não tinham efeito ou causavam dano demais. Nesse aspecto, o estúdio conseguiu entregar uma experiência satisfatória e manteve a sensação de prazer em obliterar os “pobres” vilões do game.

O brilho, no entanto, no aspecto de jogabilidade se reserva para a nova subclasse chamada Prismática, uma fusão entre todas as subclasses do jogo. Sem entrar em spoilers para os que ainda não experimentaram o jogo, essa nova subclasse consegue derrubar uma barreira que existia no jogo. Imagine congelar um inimigo e logo em seguida destruí-lo com uma bomba nova, sem usar armas para isso.

Para os que jogaram a expansão passada, A Queda da Luz, já estarão familiarizados com o modo como o jogo apresenta a nova subclasse e como utilizá-la durante a campanha. Não haverá qualquer tipo de “surpresa” para os jogadores mais veteranos do jogo.

Vale ressaltar mais uma vez algo que me impressionou, visto que acompanho a série desde 2015, antecedendo a expansão A Queda do Rei. Dessa vez, não sofremos com problemas de balanceamento ou bugs que afetassem diretamente a experiência de jogo, como já ocorreu em outras ocasiões. Um ponto muito positivo e que merece os parabéns para a equipe nesse aspecto.

A campanha manteve a possibilidade de jogarmos em dois níveis de dificuldade distintos, o que foi introduzido na expansão A Bruxa Rainha. Isso agrada tanto aqueles que já estão familiarizados com o jogo e buscam sempre o maior desafio possível quanto aqueles que não estão familiarizados ainda ou que apenas querem curtir uma campanha sem doses de estresse por falta de familiaridade com o game. Mais um ponto positivo no trabalho com a nova expansão. Afinal, time que está ganhando não se mexe. Além disso, finalmente nos deparamos com novos inimigos: agora mais deles utilizam poderes de treva, como o Filamento e a Estase. Novos subchefes, além dos algozes introduzidos na expansão A Queda da Luz, agora nos atemorizam em dados momentos com usuários de Filamento e Estase, sempre proporcionando bons desafios.

História

Neste momento, não irei me aprofundar em detalhes minuciosos, pois, caso o faça, toda a história será entregue a você, leitor, e não terá o mesmo brilho jogar e descobrir os meandros desse novo e derradeiro episódio da série. No entanto, o que se pode dizer é que, de todos os arcos de história do jogo, desde 2014 até hoje, nenhuma outra expansão teve, ou sequer chegou perto da excelência de narrativa, construção e fechamento de um arco. E, falando em fechamento, foi de longe muito acima das expectativas que todos da comunidade haviam criado para esse encerramento. Muitas pontas soltas foram resolvidas e outras partes da história que nos causavam desconforto, por desafeição com certos personagens, foram resolvidas (um ponto pessoal meu com o personagem Corvo, que até então era intragável).

Neste episódio final, enfrentamos a vilã denominada Testemunha. Pode-se dizer que ela superou algumas expectativas, mas em outros aspectos esperava-se um pouco mais de vilania dela. Porém, passa longe de ser uma vilã fraca ou, em outras palavras, sem graça. O tempo todo ela nos confronta com dilemas e várias propostas. Nos deparamos com o que poderia ser de cada personagem, ou como a história da campanha passa por possíveis desdobramentos. Ela apresenta a cada um dos personagens chave do jogo uma possibilidade, uma tentação. Ela acaba por se tornar uma vilã de ação muito mais subjetiva do que ativa propriamente dita. Ela não precisa derramar sangue para fazer valer seu título de vilã; apenas com jogos de possibilidades e recompensas a história se torna densa o suficiente para tornar a narrativa tão empolgante ao ponto de fazer o jogador não querer parar até chegar ao final, algo que há muito tempo não experimentávamos dentro da franquia.

Uma história singular nos foi apresentada, muito bem construída e que o tempo todo nos faz torcer para que certas coisas não aconteçam, enquanto torcemos para que outras finalmente aconteçam.

Vale ressaltar que o jogo ainda possui uma falha, por assim dizer: as histórias passadas acabam por ficar perdidas, pois o novo jogador é inserido rápido demais dentro do último episódio em questão. Diversas pontas ficam soltas ou não são facilmente explicadas ao novato, como o arco do personagem Corvo, bem como outros que são peças fundamentais dentro da história. Isso pode causar estranheza sobre por que esse personagem, que deveria ser um inimigo, está ajudando. Este é um ponto que precisa ser melhorado para criar um sentimento de imersão maior nos jogadores novos.

A conclusão do que se pode esperar dessa nova expansão é que, em termos de um jogo bem estruturado e com boa narrativa, não haverá qualquer decepção. Para além do que se esperava, toda a campanha surpreende. Tecnicamente, era tudo o que jogadores experientes e veteranos como eu esperavam da franquia. A Bungie finalmente nos proporcionou uma experiência marcante, que certamente ficará na memória da comunidade e dos fãs. Temos hoje em mãos uma verdadeira carta de amor, que há muito se esperava. Porém, mais do que isso, foi dada a confirmação de que a franquia está longe de ser um fracasso ou de estar abandonada. Após tempos turbulentos, o estúdio mostrou que o futuro ainda é promissor e nos deixa com uma pergunta na mente: “E agora, o que será do futuro, já que a Testemunha não atingiu seu objetivo? Qual a nova ameaça que nos espreita no universo?” E essa pergunta já nos faz querer saber quando teremos mais uma grande surpresa, quando seremos agraciados com uma nova e empolgante narrativa.

Destiny 2: A Forma Final

Escrevo esta review como alguém apaixonado pela franquia e que se viu desiludido com a mesma de uns tempos para cá, mas que agora fica com o sentimento de que ainda vale a pena jogar e acompanhar personagens e histórias tão envolventes.

9.75