Gerou certa comoção a notícia, divulgada nesta quarta-feira (29), de que vários pesquisadores conhecidos da área de Inteligência Artificial (IA) assinaram uma carta aberta pedindo aos laboratórios de IA, em todo o mundo, que estes interrompam o desenvolvimento de sistemas de inteligência artificial em grande escala, citando o que retrataram como “riscos profundos para a sociedade e a humanidade”. O fato foi divulgado pelo site especializado The Verge e pela agência de notícias Reuters.
A discussão ganhou repercussão porque endossam o documento figuras conhecidas da área de tecnologia, como o empresário Elon Musk (Tesla e Space X); Steve Wozniak (cofundador da Apple); Evan Sharp (cofundador do Pinterest); Jaan Tallinn (cofundador do Skype); cientistas da DeepMind (empresa de propriedade da holding Alphabet, dona do Google); bem como personalidades do debate público, como Andrew Yang, político e pré-candidato à presidência dos EUA em 2020; e o escritor Yuval Noah Hariri.
A carta publicada pelo “Future of Life Institute”, uma entidade sem fins lucrativos, destaca os potenciais perigos do que chamaram de “corrida fora de controle” para desenvolver e implantar sistemas de aprendizado de máquina que ninguém – nem mesmo seus criadores – podem entender, prever ou controlar de forma plenamente confiável”. Os signatários do documento pedem a todos os laboratórios de IA que parem imediatamente, por pelo menos 6 meses, o treinamento de sistemas de IA mais poderosos que o GPT-4.
A polêmica ganha os holofotes públicos menos de uma semana depois da OpenAI, criadora do ChatGPT, liberá-lo para navegar na internet e se conectar a outras máquinas. A partir das novas diretrizes da empresa, a IA poderá acessar informações online, interagir com outros aplicativos e realizar tarefas, como comprar passagens aéreas ou pedir comida. A novidade, como informado na ocasião, está restrita a um pequeno grupo de usuários, mas em breve deve ser estendida a um grupo maior de pessoas. O próprio The Verge chamou a atenção para o fato de ser “improvável que a carta tenha qualquer efeito sobre o ritmo atual nas pesquisas com IA”. Como bem lembrou a publicação, nas últimas semanas o público tem acompanhado “empresas de tecnologia como Google e Microsoft correrem para implantar novos produtos, muitas vezes deixando de lado as preocupações anteriormente declaradas sobre segurança e ética” no uso da Inteligência Artificial.
