A Meta, outrora distante das notícias em suas plataformas, agora mergulha nelas com sua nova ferramenta de inteligência artificial (IA). O Meta AI, um chatbot, resume as últimas notícias e manchetes de veículos de notícias, transformando-se nos “CliffsNotes” (guias de estudo que oferecem resumos concisos e análises de conteúdo) para os usuários. Essa mudança marca um novo capítulo na relação conturbada da Meta com a indústria de notícias, como reportado hoje pelo jornal The Washington Post.
Durante os testes, o Meta AI demonstrou recorrer ao conteúdo original dos veículos de notícias, reproduzindo frases “palavra por palavra” ou com pequenas alterações. No entanto, a IA da Meta não fornece links diretos para as histórias ou identifica as fontes nas respostas. Os usuários devem clicar em um botão separado para acessar links externos e fontes.
A decisão da Meta de usar IA para sintetizar notícias chega em um momento em que a empresa já removeu a aba de “notícias” do Facebook nos EUA e na Austrália. Tais movimentos têm impactado significativamente o tráfego dos veículos de notícias, segundo relatos do canal por assinatura CNBC.
Com a ascensão das notícias digitais, mais pessoas obtêm informações através de dispositivos online do que de fontes tradicionais. As redes sociais, incluindo o TikTok, se tornaram populares como fontes de notícias. Essa mudança de hábitos pode ser explorada pelas plataformas, visando otimizar o tempo e os dados coletados.
A professora Emily Bell, do Tow Center for Digital Journalism, da Universidade Columbia, aponta que as plataformas muitas vezes priorizam seus próprios interesses, sem considerar as consequências para os veículos de notícias ou jornalistas.
O Meta AI não se limita às notícias; ele oferece uma variedade de serviços, desde criação de ilustrações até dicas de flerte. No entanto, suas respostas são baseadas no trabalho de outras entidades, levantando questões éticas e legais sobre o uso de conteúdo gerado por IA.
No Canadá, onde a Meta baniu links para notícias, o chatbot contorna as regras ao extrair informações dos mesmos sites bloqueados para os usuários. Essa estratégia levanta preocupações sobre conformidade com regulamentações locais e ética empresarial.
A Meta afirma que seu modelo de IA é treinado em fontes de informações publicamente disponíveis, defendendo seu uso justo. No entanto, permanece um debate sobre a ética e legalidade dessa prática, com organizações de notícias questionando seu impacto na indústria.
A adição do Meta AI em diversas plataformas da Meta, como Facebook, Instagram e WhatsApp, marca uma mudança significativa na forma como os usuários consomem notícias e interagem com a inteligência artificial. Essa transformação redefine os limites entre tecnologia, informação e ética, sinalizando uma nova era na era da informação digital.