Influenciadores virtuais: o pixel é o novo “cara” das mídias sociais

Estudo revela que hologramas e humanos podem ser igualmente persuasivos - tudo depende do tipo de conteúdo

Sabe aquele influenciador que você adora seguir nas redes sociais, sempre pronto para sugerir a última moda ou a melhor loja de determinada região? E se eu te disser que ele poderia muito bem ser um aglomerado de pixels?

Isso mesmo, um estudo recente acaba de descobrir que influenciadores virtuais podem ser tão eficazes quanto seus colegas humanos quando o assunto é promover produtos ou marcas. Esse fato curioso pode ser difícil de digerir para as empresas que tradicionalmente se sentem mais seguras apostando em faces humanas para transmitir credibilidade e confiança.

Contudo, eis a reviravolta cômica do século: dependendo do tipo de postagem, o personagem digital pode ser tão bem sucedido quanto o humano. Agora imagine o sorriso de alívio no rosto de uma empresa quando descobre que seu porta-voz digital nunca vai exigir um aumento de salário!

A esta altura você deve estar se perguntando: por que os consumidores olhariam com simpatia para um influenciador virtual comentando sobre produtos reais? O pesquisador Ozan Ozdemir, candidato a doutorado na Escola de Negócios da Universidade de Alberta (Canadá) e um dos coautores do estudo, afirma que os influenciadores virtuais podem parecer divertidos e fazer uma marca parecer inovadora e experiente em tecnologia. Além disso, seriam mais econômicos e flexíveis do que uma alternativa humana. E tudo isso sem reclamar de cansaço ou exigir férias!

No entanto, essa interação pixelada tem seus limites. Segundo Ozdemir, quando um influenciador virtual faz um endosso, os seguidores começam a questionar sua expertise no campo do produto ou serviço em questão. Ou seja, as pessoas ainda não estão prontas para acreditar que um punhado de pixels saiba a diferença entre um sorvete de baunilha e um de creme.

Treta News - Influenciadores
Treta News avatar: sucesso no YouTube / Reprodução

No estudo, cerca de 300 participantes viram uma postagem de um influenciador sobre sorvete ou óculos de sol. Metade foi informada de que o influenciador era humano e a outra metade, de que era virtual. Resultado? Os participantes perceberam que o influenciador virtual tinha menos credibilidade do que sua contraparte “humana”.

Talvez não seja surpreendente que os participantes que foram informados de que o influenciador era virtual tiveram uma atitude menos positiva em relação à marca por trás do produto. Afinal, a ideia de um avatar digital saboreando um sorvete pode ser, no mínimo, surreal.

Ozan explica: “Quando os influenciadores ‘não conseguem realmente usar a marca que estão promovendo’, é difícil vê-los como especialistas confiáveis”. E nisso ele tem razão. Quem conseguiria engolir a ideia de um influenciador digital comentando sobre a suavidade de um tecido ou o sabor de uma pizza?

Porém, nem tudo está perdido no universo dos influenciadores virtuais. Em outra parte do estudo, os autores descobriram que, quando a linguagem no endosso é mais factual, descrevendo e listando características ou atributos específicos do produto, em vez de fazer afirmações emocionais, os influenciadores virtuais podem se sair tão bem quanto os humanos.

Mark Zuckerberg - Influenciadores
Mark Zuckerberg Avatar / Reprodução

Neste experimento, cerca de 460 participantes foram informados de que uma empresa contratou um influenciador para ajudá-la a promover seu novo software de compactação. Alguns viram um endosso emocional, com o influenciador usando palavras como “amar” e “adorar”. Outros viram um post mais sério, focado em recursos específicos do software. E adivinhem? Quando o endosso era factual, os participantes realmente não pareciam se importar se o influenciador era humano ou não.

Acredite se quiser, mas, para esse tipo de endosso, não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos quando se trata de credibilidade do influenciador ou percepção da marca. Então, ao que tudo indica, o futuro dos influenciadores virtuais não é tão pixelado quanto parece.

Talvez um dia, em um futuro não muito distante, possamos ver um influenciador virtual assumindo o cargo de embaixador de uma grande marca, promovendo produtos e serviços com a mesma eficácia de um humano. Até lá, não custa nada ficar de olho nas redes sociais e verificar se seu influenciador favorito não é apenas um monte de pixels charmosos.

Fonte: The Wall Street Journal