Chave recebida de Atlus

Desenvolvido pela Atlus, conhecida por criar títulos como o já citado Persona e Shin Megami Tensei, foi publicado pela SEGA, com a data de lançamento inicial marcada para 11/10/2024. O jogo proporciona uma vivência intensa e individual, estabelecendo uma conexão emocional com o jogador. Ao investigar os mistérios da mente humana, somos conduzidos a uma viagem introspectiva, onde lidamos com nossos próprios dilemas pessoais em um universo mágico e repleto de simbolismo.

História

Sem spoilers! Metaphor se passa em um mundo fantasioso habitado por diversas criaturas mágicas e fábulas de heróis antigos. O mundo de Metaphor é dividido em três nações e oito tribos, cada uma com suas próprias tradições, características e convicções religiosas. Nosso protagonista pertence à raça “Elda”, que é frequentemente descriminalizada pela sociedade, por não ser uma raça numerosa e não possuir características marcantes, como orelhas pontudas ou chifres.

A trama se inicia com o príncipe do reino Uchronia sendo amaldiçoado. Anos depois, nosso protagonista recebe a missão de sair em uma jornada para encontrar a cura dessa maldição. Nesse período, o rei é brutalmente assassinado em seus aposentos. Como não há um herdeiro para assumir o trono, foi estabelecido que quem tiver o maior apoio popular será coroado como o próximo governante. Assim, inicia-se um concurso nacional para determinar quem será o próximo monarca, em uma competição intensa.

O personagem principal, cujo nome é dado pelo jogador, conta com o auxílio de sua equipe e com o poder dos “Arquétipos”, que basicamente permite despertar figuras de lendas históricas. Além da missão de salvar o príncipe, que também é seu amigo de infância, desfazendo sua maldição, ele terá que lidar com Louis, o responsável pela morte do rei. Louis reúne apoiadores para reivindicar o trono, e você não deixará isso acontecer, lançando sua candidatura para ser o futuro rei. Com isso, surge a ideia do protagonista de criar uma nação sem quaisquer preconceitos e descriminalização. Para concluir seu objetivo, ele conta com a ajuda de diversos companheiros e amigos ao longo de sua jornada.

Gameplay

Após quase uma década de espera desde seu primeiro anúncio em 2016, fomos contemplados no ano passado (2023) no Xbox Showcase com um trailer de apresentação do Metaphor: ReFantazio. Finalmente, o jogo foi lançado e já superou as expectativas dos fãs. Mas será que vale seu suado dinheiro? E, mais importante, seu valioso tempo? Considerando que você pode levar, em média, de 60 a 100 horas para concluir o game, a resposta parece relevante. Para mim, Metaphor é um trabalho que ultrapassa as fronteiras dos jogos de JRPG (RPG japonês) e acredito que trará mais fãs para o estilo, assim como Persona 5, que foi responsável por “estourar sua bolha” e atrair inúmeros fãs para a franquia e títulos que só a Atlus sabe fazer. Além disso, para muitos, este game tem fortes chances de não apenas concorrer, mas sim ganhar o título de “jogo do ano”.

Metaphor é um jogo de RPG baseado em turnos, mas apresenta uma mecânica nova que se assemelha a um “Action RPG” (RPG de ação), que, ao meu ver, deixou a gameplay muito mais fluida e dinâmica. Além das inovações no combate, também foram introduzidos novos métodos de locomoção que facilitam a movimentação e a transição entre os mapas.

Muitas das mecânicas foram reutilizadas e melhoradas de Persona e Shin Megami Tensei, como as técnicas de fusão de habilidades, que foram pouco exploradas em Persona, mas que neste jogo são um dos pontos essenciais da gameplay. Para os jogadores veteranos de Persona e Shin Megami Tensei, acredito que não haverá dificuldades em dominar o sistema de combate de Metaphor. Os personagens têm a capacidade de invocar os “Arquétipos”, que se assemelham às personas de Persona. Eles podem possuir vários arquétipos, mas apenas um pode ser utilizado em combate. O arquétipo equipado define a classe do personagem, podendo “transformá-lo” de um guerreiro para um curandeiro, e assim sucessivamente.

O jogo apresenta um “mundo aberto” relativamente grande para o seu gênero, onde você encontra: missões secundárias, contratos para caçar monstros, mercadores e as famosas dungeons. Estes são locais repletos de inimigos que podem trazer boas recompensas. Além disso, é possível participar de diálogos e eventos que melhoram atributos do personagem e o nível de “amizade” dos seus companheiros.

Direção de arte

Metaphor é um delírio visual, fazendo com que o jogador, muitas vezes, pare sua gameplay para admirar esse banquete aos olhos, o que o torna muito mais que apenas mais um jogo de RPG. A direção, seja artística ou narrativa, desempenha um papel crucial na imersão proporcionada pelo jogo. Vamos analisar os aspectos que, para mim, são os mais marcantes da direção deste título:

Influência Renascentista: Senti, com os monumentos e estilos de design no menu, uma forte influência das obras de arte do Alto Renascimento. A gama de cores, as texturas e a estrutura das cenas remetem à beleza e à complexidade daquele período.

Interface Única: Inspirada em obras como o Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci, a interface do usuário é sofisticada e prática, enriquecendo a estética geral do jogo.

Arquétipos Visualmente Distintos: Cada arquétipo possui um aspecto visual distinto, dependendo do personagem que está equipado, refletindo sua personalidade e competências, fazendo com que cada personagem tenha uma aparência diferente conforme o arquétipo.

A trilha sonora de Metaphor é, sem dúvida, a melhor que ouvi neste ano. As canções conseguem transmitir o sentimento nítido de cada ocasião. A trilha abrange uma vasta variedade de gêneros musicais, desde grandiosas melodias orquestrais até trilhas mais íntimas e melancólicas. Essa diversidade espelha a complexidade que Metaphor traz ao mundo dos jogos e as variadas emoções que os personagens vivenciam, além de se adaptar perfeitamente a cada cena, potencializando os sentimentos que estas pretendem transmitir.

Metaphor: ReFantazio

Aqui estão alguns pontos que quero deixar para os jogadores que já estão interessados em adquirir o game e para aqueles que ainda não sabem se irão gostar. Metaphor se desempenha muito bem com seus gráficos que, embora possam parecer simples, engrandecem a beleza dos cenários e personagens. Joguei no PC e sempre mantive 120 fps sem quedas. Foi uma surpresa muito agradável que entregou muito mais do que eu esperava. A união dos diretores de Persona 3, 4 e 5 resultou no que eu chamaria de “obra definitiva da Atlus”! Tudo o que deu certo foi aplicado aqui e ainda melhorado de muitas maneiras, começando pela gameplay, que trouxe uma fluidez muito maior, algo que me alegrou bastante.

A ideia de mesclar combate em turnos e ação foi inesperadamente perfeita! Portanto, se você já ama JRPGs de turnos, com uma história totalmente imersiva, personagens que cativam sua atenção e momentos que fazem seu coração palpitar de alegria ou tristeza, você DEVE adquirir Metaphor. Agora, se você não curte tanto jogos com uma quantidade expressiva de diálogos, combates em turnos e não tem muito tempo para jogar, sugiro que assista a alguns vídeos antes e veja o que acha. Se gostar, vá em frente, porque se você estiver aberto a uma nova experiência de videogame, Metaphor não irá decepcioná-lo. Mas, se não está em busca de um novo estilo ou está acostumado com jogos assim, talvez seja melhor não investir no título por agora, pois pode acabar tendo uma má experiência por não estar familiarizado com o gênero.

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