Se você acompanhou o noticiário especializado nos últimos dois dias já sabe que o CEO e fundador da Midjourney, David Holz, suspendeu os testes gratuitos para todos os usuários após a enorme repercussão mundial às imagens falsas criadas a partir do software alimentado por Inteligência Artificial (IA). A decisão, anunciada no site especializado The Verge e no jornal The Washington Post, veio logo após a controvérsia envolvendo as fotos falsas de Donald Trump sendo preso e do Papa Francisco vestindo uma jaqueta estilosa. Ambas, como publicizado, tornarem-se virais nas redes sociais por conta do enorme realismo, despertando todo tipo de engajamento e comentários.
David Holz argumentou que a suspensão se baseava em uma demanda extraordinária e um súbito aumento de usuários não pagantes. Na explicação publicada originalmente no jornal, considerado um dos veículos impressos de maior circulação no mundo, o CEO afirmou que a pausa se devia ao fato “de uma grande quantidade de pessoas estarem criando contas descartáveis para obter imagens gratuitas”.
O anúncio oficial, contudo, reforçou uma polêmica mais profunda, que vem ganhando notoriedade com o uso corrente de aplicações alimentadas por IAs. Como cita o The Washington Post, a Midjourney é um negócio de apenas um ano, “com poucas regras”, mas que, devido a tecnologia empregada, está popularizando imagens falsas e consequentemente a potencial disseminação de fake news.
O gerador de imagens Midjourney teria, na opinião da publicação, se tornado rapidamente uma das ferramentas mais atraentes da Internet, criando os tais visuais falsos de aparência realista. Para se ter uma ideia do seu alcance, como destaca o The Washington Post, em apenas um ano, “o serviço conquistou mais de 13 milhões de membros” e, “graças às suas assinaturas mensais”, alcançou o status de um dos novos negócios mais promissores da indústria de tecnologia.
A ferramenta de imagem de IA da empresa permite que qualquer pessoa crie instantaneamente imagens falsas que poderiam facilmente serem exploradas em redes sociais. Importante lembrar também que a Midjourney esteve entre os vários réus em uma ação coletiva movida em janeiro passado por três artistas que a acusaram, junto com outras duas companhias, de violar a lei de direitos autorais usando “bilhões de imagens protegidas por direitos autorais sem permissão” para treinar suas tecnologias. O que preocupa, segundo a reportagem do The Washington Post, é que sem parâmetros confiáveis e regras éticas sólidas, novas empresas do ramo de inteligência artificial estão decidindo em tempo real o que é permitido para seus usuários; mas, também podem, por exemplo, estabelecer quando devem se curvar a governos autoritários e a implementar desinformação. O temor parece até agora bastante justificável.