Um dos aspectos que mais se destaca, refletindo de maneira impactante o tom místico e enigmático da narrativa. Combinando elementos visuais modernos e tradicionais, o jogo apresenta uma estética que equilibra o real e o surreal, transmitindo ao jogador uma atmosfera ao mesmo tempo imersiva e misteriosa.
Os cenários de Unknown 9 são primorosamente detalhados em sua maioria, capturando a essência de locações como as movimentadas ruas de Calcutá e locais mais exóticos e desconhecidos, como templos antigos e regiões ocultas dentro da “Fold”, a dimensão alternativa que desempenha um papel central na história. Cada ambiente é desenhado com atenção a texturas e cores, transmitindo uma sensação de vida e história própria, como se cada lugar tivesse segredos ocultos esperando para serem descobertos.
A paleta de cores utilizada no jogo é cuidadosamente pensada para criar contrastes sutis entre o mundo real e a dimensão alternativa da “Fold”. O mundo real é vibrante, rico em tons terrosos e cores quentes, que representam a vida urbana e a cultura de Calcutá (por exemplo). Já a “Fold” adota um visual mais etéreo, com tons frios, luzes néon e efeitos visuais que conferem uma atmosfera sobrenatural e introspectiva. Esse contraste visual ajuda a diferenciar as realidades e, ao mesmo tempo, enfatiza a natureza incomum das habilidades de Haroona.
O design dos personagens é igualmente meticuloso, com traços que refletem suas personalidades e origens. Haroona, por exemplo, é retratada com uma aparência simples, mas com detalhes que evidenciam sua força interior e o potencial inexplorado de suas habilidades. Já os inimigos e outros personagens misteriosos com quem ela cruza caminho são desenhados com traços mais sombrios e estilizados, reforçando o aspecto enigmático da trama. Mas aqui, também temos uma falta de cuidado. Os NPCs, em grande parte, são bem genéricos e alguns inimigos aparecem do começo ao fim do jogo com o mesmo rosto, é como se fossem um exército de clones.
Os efeitos visuais desempenham um papel crucial na direção de arte, especialmente nas transições entre as realidades. O uso de distorções no ambiente, partículas flutuantes e iluminação dinâmicas ajudam a criar uma sensação de imersão quando Haroona ativa suas habilidades ou entra na “Fold”. Esses momentos visuais são verdadeiros espetáculos, contribuindo para a sensação de poder e mistério que permeia a experiência do jogador.
Outro destaque da direção de arte é o cuidado com os detalhes históricos e culturais. A representação de Calcutá é vibrante e respeitosa, incorporando elementos autênticos da arquitetura e do ambiente local. Ao mesmo tempo, as referências à mitologia e aos mistérios ocultos são apresentadas de forma visualmente intrigante, criando uma sensação de descoberta constante.
Todos esses cuidados acabam sendo prejudicados nos momentos onde entram as cutscenes, o jogo volta travando, carregando aos poucos, desfigurando cenários e personagens. Aconteceu também um problema que acho muito sério, que, uma das cutscenes simplesmente pulou… Em cenários onde há diálogos entre os personagens, é comum erros de textura, como roupas atravessando corpo, olhares perdidos que não acompanham as movimentações e elementos do cenário “voando” completamente sem sentido.