Nos últimos anos, a indústria dos videogames tem crescido exponencialmente, não só em termos de mercado, mas também em termos de complexidade narrativa e impacto cultural. Uma questão que frequentemente surge é se os videogames podem ser considerados uma forma de cinema interativo. Neste artigo, vou explorar as semelhanças e diferenças entre os videogames e o cinema, além de discutir como a narrativa interativa dos jogos pode oferecer uma experiência única aos players.
As semelhanças mais notáveis
Narrativa: Tanto os videogames quanto o cinema têm a capacidade de contar histórias complexas e emocionalmente envolventes. Jogos como “The Last of Us“, “Hellblade: Senua’s Sacrifice” e “Red Dead Redemption 2” são exemplos de como os videogames podem criar narrativas profundas e bem elaboradas, comparáveis às dos melhores filmes. Esses jogos utilizam técnicas cinematográficas, como direção de arte, design de som e edição de cenas, para criar uma experiência imersiva.
Visual e áudio: Os avanços na tecnologia gráfica e sonora permitiram que os videogames atingissem níveis de realismo impressionantes. Jogos como “Cyberpunk 2077“, “Senua’s Saga: Hellblade II“, “Death Stranding” e “Horizon Zero Dawn” apresentam visuais deslumbrantes e trilhas sonoras envolventes, que rivalizam com as produções cinematográficas de alto orçamento. Além disso, muitos jogos empregam atores conhecidos para capturar performances realistas através da captura de movimentos, aumentando ainda mais a qualidade da atuação.
Público e popularidade: Tanto os videogames quanto os filmes atingem um público vasto e diversificado. Eventos como a Gamescom e festivais de cinema como o Festival de Cannes atraem milhares de fãs e profissionais da indústria. Além disso, franquias de jogos populares, como “Super Mario“, “Sonic“, “Mortal Kombat” e “Resident Evil“, foram adaptadas para o cinema, mostrando a interconexão e a influência mútua entre essas duas formas de entretenimento.
As reais diferenças
Interatividade: A principal diferença entre videogames e cinema é a interatividade. Nos videogames, o jogador assume um papel ativo na história, tomando decisões que podem afetar o desenrolar da narrativa. Jogos como “Mass Effect” e “The Witcher 3: Wild Hunt” são conhecidos por suas escolhas morais e ramificações narrativas, que permitem aos jogadores moldar a história de acordo com suas ações. No cinema, o espectador é um observador passivo, sem a capacidade de influenciar a narrativa.
Rejogabilidade: A interatividade nos videogames também leva à rejogabilidade. Jogos com múltiplos finais ou caminhos alternativos incentivam os jogadores a revisitarem a história várias vezes para explorarem todas as possibilidades. Filmes, por outro lado, geralmente oferecem uma experiência única e linear, sem variações significativas na narrativa.
Duração e estrutura: Os videogames tendem a ser mais longos do que os filmes. Enquanto um filme típico dura cerca de duas horas, um jogo pode proporcionar dezenas ou até centenas de horas de gameplay. Isso permite um desenvolvimento mais aprofundado dos personagens e do mundo do jogo. A estrutura episódica de alguns jogos, como “Life is Strange” e “The Walking Dead“, também se assemelha às séries de televisão, oferecendo capítulos distintos que compõem uma história maior.
Jogos que são um verdadeiro cinema interativo? Temos.
Os games “Heavy Rain” e “Detroit: Become Human” desenvolvidos pela Quantic Dream, são exemplos proeminentes de como os videogames podem funcionar como cinema interativo. Ambos oferecem narrativas complexas e ramificadas, onde as escolhas dos jogadores têm consequências significativas. A captura de movimentos e as atuações de alta qualidade proporcionam uma experiência cinematográfica imersiva.
O “Until Dawn” é um jogo de terror que utiliza mecânicas de escolha e consequência para criar uma narrativa interativa. O jogador controla vários personagens e deve tomar decisões rápidas que afetam o destino de cada um, resultando em múltiplos finais possíveis. A estrutura do jogo se assemelha a um filme de terror interativo, mantendo os jogadores constantemente engajados e tensos.
A diferença entre cinema e videogame está diminuindo?
À medida que a tecnologia continua a avançar, a linha entre videogames e cinema pode se tornar ainda mais tênue. Realidade virtual (VR) e realidade aumentada (AR) oferecem novas maneiras de contar histórias interativas, proporcionando experiências ainda mais imersivas. Além disso, colaborações entre estúdios de cinema e desenvolvedores de jogos podem resultar em novos formatos de entretenimento que combinam o melhor dos dois mundos.
O futuro do cinema está nos jogos?
Os videogames têm o potencial de ser uma espécie de cinema interativo, oferecendo uma forma única de contar histórias que combina elementos visuais e sonoros do cinema com a interatividade e a rejogabilidade dos jogos. Embora existam diferenças significativas entre os dois meios, as semelhanças são suficientes para considerar os videogames como uma evolução do cinema tradicional, onde o espectador se torna participante ativo na narrativa. À medida que a indústria continua a inovar, o cinema parece cada vez mais encurralado, enquanto os games não param de inovar suas formas de interatividades. Será que veremos grandes estúdios do cinema e/ou diretores renomados lançando algo para videogame no futuro? Mercado tem… Quem vai dar o grande passo agora?