As novas fronteiras da tecnologia trouxeram consigo uma disputa cada vez mais intensa: a luta dos trabalhadores para manter a inteligência artificial (IA) sob controle. Desde as companhias aéreas até os escritórios de roteiristas de Hollywood, nos EUA, uma crescente insatisfação reverbera: a IA pode estar se tornando muito poderosa.
Essa onda de desconforto tem uma origem compreensível. A inteligência artificial está se desenvolvendo rapidamente e, como previsto por alguns economistas, pode levar milhões de trabalhadores ao desemprego. Nas sessões de negociação, a IA está se tornando cada vez mais um ponto central de discórdia. O argumento comum é que as empresas são míopes ao substituir os trabalhadores por uma tecnologia que não pode igualar a criatividade humana e é repleta de erros e preconceitos.
Apesar da resistência, alguns sindicatos fizeram progressos recentemente. Um exemplo é o dos diretores de Hollywood, que fecharam um acordo provisório no qual obtiveram promessas de que “não seriam substituídos” por inteligência artificial. Esta é uma das primeiras vitórias do trabalho organizado no que diz respeito às proteções contra a IA, segundo reportagem do The Washington Post publicada nesta quinta-feira (08).
No entanto, a batalha ainda está longe de ser concluída. Segundo especialistas ouvidos pela publicação, a luta será mais difícil e prolongada para outras indústrias. As filiações sindicais estão em declínio, as corporações têm mais influência nas negociações e os sindicatos precisam encontrar formas de apelar aos líderes que procuram cortar custos.
As greves recentes em Hollywood, referência mundial em produções cinematográficas, são um exemplo de como a luta pode ser árdua. A associação dos roteiristas propôs regulamentos sobre como a IA pode ser usada para criar ou reescrever obras literárias, mas os executivos do cinema se opuseram à ideia.
Apesar dos desafios, há um consenso entre os trabalhadores: a inteligência artificial não deve ser deixada à sua própria sorte. Daron Acemoglu, professor de economia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), disse que são necessárias “as vozes dos trabalhadores”.
Para Dylan Brody, membro há sete anos da associação dos roteiristas, a luta dos roteiristas contra a IA é fundamental para garantir que a tecnologia não substitua o trabalho humano em criatividade e qualidade.
Essa batalha dos trabalhadores contra a IA ilustra a nova realidade do século XXI e reverbera uma matéria de advertência publicada anteriormente aqui mesmo no Safe Zone. O futuro do trabalho está sendo moldado agora, e o resultado dessa luta determinará como as próximas gerações viverão e trabalharão.