Death Stranding 2: On The Beach (DS2) é, sem dúvida, mais uma obra “Absolute Cinema” do Mestre Hideo Kojima! O cara está de fato, muito à frente do seu tempo em todos os aspectos, ele demonstrou mais uma vez o que é qualidade em todos os níveis. Neste ano de 2025, tivemos grandes lançamentos e jogos excelentes, mas o que DS2 proporcionou é algo totalmente diferente. Ele conseguiu elevar ao ápice o quesito, trilha sonora, gráficos e otimização, redefinindo literalmente o que esperamos de uma experiência “AAA” e nessa análise vou explicar o motivo disto.
Sobre Death Stranding 2
A continuação direta de Death Stranding (2019), Death Stranding 2: On The Beach é um exclusivo de PlayStation 5 (até o momento desta review), lançado em 26 de junho de 2025, produzido pela Kojima Productions e distribuído pela PlayStation. O jogo está realmente incrível e, surpreendentemente, não demora para te prender como o antecessor.
Algo interessante é que, antes do lançamento, vazaram boatos dizendo que Kojima teria refeito o jogo. Tais boatos dizia que, segundo ele, o jogo estava “muito bom”, e isso agradaria a todos. Bem acredito que ele não queria isto, mas falhou. Pois o jogo caiu no gosto da maioria do público, até muito mais que o primeiro.
Uma nova jornada que te pega em cheio
Vou falar um pouco da história, mas, claro, sem muitos spoilers, porque cada acontecimento nesse jogo vai te causar uma explosão de sentimentos. Então, serei bem breve na questão do enredo. A narrativa de DS2 nos encontra com Sam Bridges vivendo sua vida de uma forma mais reclusa, provavelmente ainda processando os acontecimentos e as consequências de tudo que viveu no primeiro jogo. Ele está ali, cuidando da sua rotina, vivendo uma paz que é rapidamente interrompida.
Depois de uma boa caminhada pelas montanhas, em um cenário bem tranquilo, embalado por música e uma sensação de felicidade, Fragile aparece do nada, surpreendendo-o em sua base. Ela surge com um pedido: Sam precisa embarcar em uma nova missão: conectar o México à rede quiral. Tentei por três vezes negar o pedido para que Sam pudesse viver sua vida em paz, mas, infelizmente, o “não” não é uma opção. E essa missão é fundamental para toda a nova jornada que vamos descobrir ao longo da história.
Os primeiros passos de Sam levam-no a essa missão perigosa, distante da UCA (United Cities of America) que ele ajudou a reerguer no primeiro jogo. Sam aceita a missão e começa a conexão de todo o México. Sem entrar em muitos detalhes, posso dizer que, no final desse primeiro “episódio” da missão no México, após ele conectar o país, um ataque de alguns inimigos misteriosos acontece na base de Sam. Coisas inimagináveis ocorrem, mudando-o completamente, deixando-o emocionalmente quebrado e marcando até mesmo o jogador para o resto da aventura.
Depois de um momento de recuperação, ele é chamado para uma nova empreitada pela Drawbridge, uma organização que quer reconectar o mundo, explorando lugares ainda mais distantes. E aí descobrimos por que a missão do México era essencial, pois, sem a conexão do México, a Drawbridge não conseguiria abrir o portal necessário para as explorações futuras, incluindo a viagem crucial para a Austrália. Então, essa jornada leva Sam à Austrália, onde o desafio de fazer conexões se torna ainda mais “punk”.
Festa boa, é com gente conhecida



Em Death Stranding 2, tem bastante gente nova na área, algo essencial para o avanço da narrativa. Novos personagens realmente se juntam à turma da Drawbridge, virando uma espécie de “segunda família” para o Sam.
Um dos destaques a meu ver, é o Dollman, um pequeno boneco vivo que se torna um companheiro de caminhadas de Sam. Ele não é apenas o braço direito do Sam, ele é uma fonte inesgotável de informações, dicas e, mais importante, um catalisador para a jornada emocional de Sam.
Dollman te acompanha por muito tempo, oferecendo diálogos que explicam a lore do jogo e comentando sobre a história de forma perspicaz, sua presença é quase como ter um Mimir (de “God of War”) no ombro, sempre com algo relevante a dizer. Além disso, sua própria história é tocante, ele perdeu a filha e aprisionou sua própria consciência em um boneco para garantir que a alma dela pudesse seguir para o pós-vida.
Ele acaba sendo uma representação direta do processo de cura e da importância da conexão após a perda, e suas interações com Sam são cruciais para o desenvolvimento do protagonista. Em termos de gameplay, você pode até arremessá-lo como um drone de reconhecimento para explorar áreas perigosas, o que é uma sacada genial.
Outra adição é a Rainy, ela possui um Doom único; embora a Chuva Temporal caia ao seu redor, envelhecendo e deteriorando tudo em um raio próximo a ela, essa mesma chuva tem o efeito oposto, revertendo os danos causados pela Chuva Temporal e restaurando as coisas ao seu estado anterior. É uma habilidade poderosa e visualmente impressionante, que adiciona uma nova dimensão à navegação e aos desafios ambientais.
Rainy é uma personagem que, apesar de seu tormento, irradia uma positividade contagiante, conquistando a equipe da Drawbridge e tudo isso ao som da icônica música “Raindrops Keep Fallin’ On My Head”, de BJ Thomas.
Não podemos esquecer do Tarman, o piloto da DHV Magalhães, o veículo de transporte rápido que se torna essencial para cruzar grandes distâncias e continentes. Ele é um personagem com uma história de sacrifício pessoal, tendo perdido uma das mãos em uma tentativa heroica de salvar seu filho. Embora seu “poder” não seja um Doom no sentido tradicional de Sam ou Fragile, sua perícia como piloto e e sua resiliência são fundamentais para as operações da Drawbridge. Ele representa a dedicação e as cicatrizes que muitos carregam nesse mundo fragmentado.
Cada um da Drawbridge tem sua especialidade que ajuda a expedição, desde logística e combate até pesquisa e desenvolvimento. A interação e as pequenas tramas com esses novos parceiros são essenciais para a narrativa, demonstrando humanidade e camaradagem para ajornada de Sam.
Jogabilidade: Mais do mesmo, só que melhor!
A jogabilidade principal de DS2 se mantém, com aquele foco em andar e entregar cargas, mas com umas melhorias que deixam a experiência bem mais legal. A Kojima Productions pegou a base sólida do primeiro e a expandiu de formas que melhoram muito a jornada. Aquela parte de andar e se equilibrar está mais fácil de usar. Sam reage de um jeito mais natural ao terreno.
Além disso, há novas opções de “parkour” deixando a navegação por lugares difíceis mais suave. Essas novas mecânicas acabam incentivando mais a exploração e a criatividade do jogador.
O sistema de corrida e como você gerencia a resistência foi ajustado, dando mais liberdade em situações de perigo ou quando você quer ser mais rápido na entrega. A barra de estamina parece durar mais, permitindo corridas mais longas e facilita os momentos de fuga. Dirigir veículos continua sendo uma parte importante da exploração, e DS2 traz tipos novos de transporte e melhorias nos que já existiam, dando mais opções para cruzar grandes distâncias e terrenos complicados.
A sensação de controle e a física dos veículos estão mais caprichadas, tornando a pilotagem mais prazerosa.
Uma das áreas que mais recebeu atenção foi o combate. Enquanto o primeiro jogo tinha umas brigas mais limitadas e focadas na furtividade ou em fugas, DS2 oferece um sistema mais forte e variado. Sam agora tem armas e equipamentos novos, e as opções táticas para enfrentar tanto os MULAS (os caras que roubam cargas) quanto os assustadores EPs (Entidades Paracientíficas) foram aumentadas.
Com esse sistema melhorado o jogo acaba te incentivando tanto a se esconder quanto a ir para cima, dependendo do que você prefere em cada situação. E aqui, cara, senti umas coisas que só o Kojima faz: no combate inicial no México, aquele primeiro que o jogo te permite ter, a jogabilidade de stealth e tiroteio me remeteu muito a “Metal Gear Solid V: The Phantom Pain”. Essa sensação de planejar seus movimentos, usar o ambiente a seu favor e a fluidez entre a furtividade e a ação é uma assinatura do mestre!
É como se ele jogasse umas piscadelas para a gente que é fã de longa data, mostrando que o DNA de seus jogos anteriores está vivo aqui, mas adaptado ao universo de “Death Stranding”, com uma liberdade tática que te permite abordar os confrontos de várias maneiras.
Outra adição bem interessante, são os diálogos interativos, eles não mudam o rumo da história principal, mas são ótimos para quem curte se aprofundar. Através dessas conversas, você consegue pegar mais detalhes sobre o universo do jogo, a lore, os personagens e até dicas que podem ajudar o jogador. Acaba que é um jeito legal de aprender mais sem quebrar o ritmo da aventura.
Mas uma das ideias inovadoras de Kojima é a conexão assíncrona com outros jogadores continua sendo um ponto forte e único. Você ainda pode ver e utilizar as estruturas que outros “Portadores” deixaram (pontes, geradores, rotas estratégicas) e acessar itens valiosos que eles colocaram em caixas ou “armários compartilhados”, criando uma sensação real de comunidade e colaboração, mesmo sem interação direta.
Em troca, você pode mostrar sua gratidão dando “curtidas” (likes), que funcionam como uma forma de reputação e incentivam a galera a cooperar. Esse sistema de multiplayer que não é em tempo real continua sendo um dos pontos mais originais e inteligentes de Death Stranding, promovendo uma cooperação global e silenciosa que é fundamental para a sobrevivência de todos.
O sistema de coletar materiais e criar itens (fabricação) foi expandido. Novas receitas, equipamentos e ferramentas estão disponíveis, permitindo que você personalize mais sua jornada e se adapte aos desafios do mundo da melhor forma possível.
Direção de Arte e Trilha Sonora
A direção de arte em DS2 é, sem exagero, algo notavelmente surpreendente. Mesmo em áreas que poderiam parecer um vazio gigante, a equipe da Kojima Productions consegue entregar uma qualidade de cenário incrível, com paisagens vastas e cheias de detalhes, com fauna e flora que dão vida ao mundo de uma forma impressionante.
As partes contaminadas por quiralium (sim, é assim que se escreve!), com suas cores estranhas e efeitos visuais sobrenaturais, e os lugares com muitos EPs são visualmente impactantes, criando uma atmosfera de tensão e uma beleza diferente, quase etérea.









A trilha sonora é de altíssima qualidade, um show à parte. Ela não só te acompanha durante todo o jogo, como também aumenta o sentimento e a emoção transmitidas pelo jogo.
Das músicas ambientes que intensificam a solidão da jornada até às faixas marcantes que aparecem em momentos importantes da história, o som de DS2 é uma experiência única por si só. A forma como a música se integra à narrativa e à jogabilidade é um testemunho da genialidade do mestre Kojima, elevando cada passo e cada descoberta a um nível emocional profundo.
Otimização: O jogo tá rodando liso no PS5!
A otimização de “Death Stranding 2: On The Beach” merece muitos aplausos. O jogo tem um desempenho excelente em todas as versões do PlayStation 5. E a minha experiência pessoal, jogando na versão Standard do PS5, confirma isso, com um desempenho fluido e sem quedas de frame até onde eu notei, mesmo em momentos de ação ou em paisagens extremamente detalhadas.
Isso mostra o cuidado da Kojima Productions em entregar um jogo lindo sem abrir mão da estabilidade, o que é um feito e tanto para um jogo com gráficos tão ambiciosos e um mundo tão detalhado. É um exemplo de como um bom trabalho técnico pode elevar a experiência geral, garantindo que a imersão nunca seja quebrada por problemas de performance.
Death Stranding 2: On The Beach
“Death Stranding 2: On The Beach” supera com louvor seu antecessor. Embora muitas das ideias principais do primeiro jogo tenham sido usadas e melhoradas aqui, DS2 elevou muito o nível em tudo o que a gente já tinha visto. É, de verdade, algo digno de cinema, uma experiência que vai muito além de um simples jogo. A profundidade da narrativa, as inovações na jogabilidade e o primor técnico o colocam em uma categoria à parte, solidificando seu lugar como uma obra de arte interativa.
Se você jogou o primeiro “Death Stranding” e, por algum motivo, não curtiu tanto, ainda assim, eu super recomendo dar uma chance a DS2. Ele tem tudo para te surpreender e, quem sabe, até te dar vontade de jogar o DS1 de novo, agora com uma nova perspectiva e apreciando ainda mais a genialidade de Kojima. A campanha, que não é daquelas super longas (levei cerca de umas 40h e ainda fazendo algumas das missões secundárias), pode ser um ponto positivo para quem tem a vida mais corrida, oferecendo uma experiência concisa, mas extremamente impactante e memorável.
Minha admiração por DS2 é absolutamente positiva. O jogo é magnífico, e Kojima mostra de novo por que é tão admirado: ele não faz só jogos, ele cria obras que agregam demais, feitas com amor, dedicação e uma visão artística inconfundível. “Death Stranding 2: On The Beach” com certeza merece estar na lista de GOTYs (Jogo do Ano) deste ano, e será lembrado como um marco na história dos videogames.