O TikTok não é apenas um palco para danças virais ou dicas de maquiagem. Nos últimos anos, uma nova leva de influenciadores tem surgido, destacando-se por compartilhar a vida diária de profissões menos glamorosas. Eles são os trabalhadores que normalmente realizam trabalhos manuais ou braçais que encontraram uma audiência significativa ao apresentar seus ofícios nas redes sociais.
Um exemplo proeminente é Jacob Knowles, o capitão do barco de pesca de lagostas Rest-Ashoar. Com sua tripulação, ele zarpa de Winter Harbor, Maine, nos Estados Unidos, para as águas agitadas do Atlântico, enfrentando o frio da manhã e o balanço das ondas enquanto busca o crustáceo valioso.
A jornada de Knowles começa bem cedo, por volta das 3 da manhã, e o dia é longo. Mas entre o içamento de armadilhas e a seleção das lagostas, há tempo para algo mais – filmar vídeos que serão compartilhados com seus 2,5 milhões de seguidores no TikTok, uma janela para um mundo que muitos jamais conheceriam.
Em setembro, o Rest-Ashoar viu uma nova adição à equipe: Griffin Buckwalter, um jovem que tem por profissão fazer gravações em vídeo, que agora captura e edita as aventuras marítimas da tripulação. O mar não é apenas um local de trabalho, mas um cenário para contar histórias, educar e entreter uma audiência global.
Mas não é só nas águas geladas de Maine que esses influenciadores que normalmente realizam trabalhos manuais ou braçais estão florescendo. Cruzando o Atlântico, encontramos Adam Perry, um podador de árvores na Inglaterra, e Hannah Jackson, uma pastora de ovelhas em Cumbria, condado que faz fronteira com a Escócia. Eles, assim como Knowles, estão dando aos seus seguidores uma visão crua e real de suas profissões.
Perry, com seus vídeos de escalada em árvores e Jackson, com seu humor atrevido enquanto cuida de seu rebanho, estão desmistificando suas profissões e, de certa forma, educando pessoas residentes em cidades sobre a vida ao ar livre e os desafios que ela apresenta.
A autenticidade parece ser um fator crucial para o sucesso desses influenciadores. Eles não estão em estúdios brilhantes, mas em florestas, mares ou campos, compartilhando as alegrias e adversidades de seus ofícios com uma honestidade que ressoa com a audiência.
E a monetização? Bem, ela vem como um bônus. Patrocínios e parcerias com marcas estão na mesa, mas não são o foco. O que é claro é que esses influenciadores têm um amor genuíno pelo que fazem, algo que transparece em cada postagem.
A jornada para a fama nas redes sociais também tem suas peculiaridades. Tomemos Robert Allen, um piloto conhecido como CaptainBob no TikTok. Ele mostra um lado da aviação que poucos veem, atraindo seguidores que sonham com os céus ou que simplesmente querem um vislumbre do desconhecido.
A narrativa desses influenciadores é um lembrete de que o TikTok é um espaço diversificado, onde histórias inusitadas e autênticas podem florescer. Eles podem não ter o brilho das celebridades tradicionais, mas possuem uma conexão real com seus seguidores, mostrando a beleza e a dignidade do trabalho árduo.
A tendência também sugere uma evolução nas redes sociais, de plataformas voltadas para o estilo de vida aspiracional para espaços onde a vida real, com todos os seus desafios e recompensas, tem um lugar.
O que é evidente é que enquanto plataformas como TikTok continuarem a oferecer um espaço para autenticidade e narrativas diversificadas, os influenciadores que normalmente realizam trabalhos manuais ou braçais terão um papel a desempenhar, mostrando que a influência vem em muitas formas, inclusive com um par de botas enlameadas e mãos calejadas.
Fonte: The New York Times
