Lamento dizer, mas sua profissão poderá “mesmo” ser substituída por uma IA

Pai do ChatGPT admite veracidade da estimativa e, contraditoriamente, pede regulação coletiva das Inteligências Artificiais

Se você passou os últimos dias ocupado, longe das principais notícias, principalmente daquelas que em breve poderão afetar sua vida de alguma forma, aqui vai uma devastadora: o CEO da OpenAI, e criador do questionável ChatGPT, Sam Altman, esteve esta semana no Brasil e confirmou que “muitos empregos vão [sim] desaparecer com o avanço da Inteligência Artificial (IA)”.

Não que o fato chegue a ser novidade, já que o Safe Zone Games, por exemplo, já havia antecipado o tema tempos atrás, ao explicar que se você é jornalista, médico, desenvolvedor ou faz parte de uma polêmica relação de 80 profissões listadas pelo chatbot turbinado com GPT-4, sua carreira, segundo a própria IA, estaria ameaçada e, provavelmente, poderia ser substituída pela Inteligência Artificial em um prazo relativamente curto.

Controvérsias à parte, Sam Altman participou de um painel sobre “O Futuro da IA e o Brasil”, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, na última quinta-feira (18). A visita faz parte de um tour mundial. Antes disso, como rememorou o colunista Pedro Doria, no Estadão, ele embarcou para o Canadá. De lá veio para o Brasil e daqui, segundo registrado em sua agenda, voaria para a Nigéria, fazendo em seguida o circuito europeu, para, posteriormente, passar por Cingapura, Japão, Indonésia e Austrália. Essa maratona, justificou o próprio Altman, seria em defesa do que chamou de “regulação da IA”.

Por mais irônico que possa parecer o criador do advento nominado ChatGPT advogar em favor da regulamentação das pesquisas sobre inteligência artificial, o assunto inegavelmente começou a merecer maior atenção das autoridades públicas em todo o planeta (talvez porque parte destas tenham crescido assistindo filmes como “Exterminador do Futuro” e agora estão conscientes do potencial risco representado por IAs agindo sem se submeterem a normas rígidas e transparentes).

Fato é que o debate sobre se a Inteligência Artificial vai ou não destruir a humanidade tem dividido opiniões até no Vale do Silício, berço das pesquisas sobre o assunto. O The Washington Post, um dos jornais de maior circulação no mundo, observou em texto publicado esta semana que “líderes tecnológicos proeminentes estão alertando que as IAs podem assumir o controle”, enquanto outros pesquisadores e executivos, mais céticos, “dizem que isso é ficção científica”.

Sarcasmo supremo, o próprio Altman, em uma audiência no Congresso americano, fez um lembrete dos perigos da tecnologia que sua empresa ajudou a divulgar ao público. Ele alertou sobre possíveis campanhas de desinformação e manipulação que poderiam ser causadas por tecnologias como o ChatGPT, da empresa, e “pediu regulamentação”.

A IA, nas palavras do CEO da OpenAI, pode “causar danos significativos ao mundo”. Disso, aliás, ninguém dúvida. Faltam, contudo, medidas concretas por parte dos governos e instituições reguladoras.

Até lá, ficaremos todos, ou boa parte de nós que não estão tão entusiasmados com a novidade, com a impressão de que o Armagedom não está tão distante e que, eventualmente, teremos que parafrasear o T-800, interpretado pelo ator Arnold Schwarzenegger, no icônico “O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final”, para dizer: “Hasta la vista baby”! Esperemos que não.

Fontes: G1, Estadão, The Washington Post, Época Negócios