A segunda fita de Lost Records: Bloom & Rage não apenas continua a história — ela aprofunda tudo com uma força brutal. É um capítulo que transforma um coming of age com toques sobrenaturais em uma experiência emocional intensa, digna dos melhores roteiros de cinema. A Dontnod mais uma vez prova seu domínio em construir narrativas profundas e inesquecíveis.
Um retrato emocional da adolescência

Fita 2 é, acima de tudo, tocante, emocionante e forte. A história gira em torno de amizade verdadeira, dor da perda e a força de seguir em frente, mesmo com feridas abertas desde a juventude. A jornada das protagonistas, entre o verão de 1995 e o reencontro no presente, se intensifica — e o impacto emocional atinge em cheio.
Os símbolos e metáforas usados pela narrativa são um dos grandes destaques. Corey, por exemplo, representa uma figura maligna e corrompida, enquanto os corvos surgem como memórias quebradas da Kat. Já o abismo, entidade misteriosa que ronda os personagens, simboliza a força da vingança, aquela que nos empurra a agir fora de nós mesmos. Em contraste, a união e amizade entre as personagens se apresentam como a única força capaz de enfrentar a escuridão.
Jogabilidade que conecta passado e presente
A estrutura de gameplay, que alterna entre passado e presente, segue extremamente bem construída. Explorar o verão de 1995 traz uma melancolia nostálgica, enquanto os eventos do presente adicionam tensão e revelações. A grande surpresa fica para o final da fita: a revelação de como Swan está no presente — um verdadeiro clímax que transforma tudo o que vimos antes. E a misteriosa caixa que carrega a dor, a emoção, as palavras e as memórias daquilo que hoje são apenas lembranças. A redenção de Dylan sutilmente é revelada. A verdade sobre a Kat e o verão de 1995 nos jogam no canto de um ring imaginário onde diversos golpes intensos de emoção nos derrubam pouco a pouco.
Além disso, Lost Records leva a sério o impacto das escolhas do jogador. Suas respostas realmente alteram o rumo da narrativa, e chegar a certos finais pode ser difícil se você não prestar atenção aos diálogos. Isso aumenta a imersão e o valor de replay da experiência.
Trilha sonora, arte e direção: um espetáculo sensorial

Se a história é o coração, a direção de arte, os gráficos, a composição de cenas e a trilha sonora são a alma do jogo. Cada detalhe visual e sonoro é feito para emocionar. Os ambientes transmitem sensações com profundidade e a música acompanha cada virada de forma precisa, sempre reforçando o peso das decisões e das memórias.
Infelizmente, nem tudo são acertos. A Fita 2 apresentou problemas técnicos recorrentes, como stutters e fechamentos inesperados, causados por erros na Unreal Engine 5.2. São falhas que atrapalham a fluidez da experiência, principalmente nos momentos mais densos emocionalmente.
Lost Records: Bloom & Rage – Fita 2
Mesmo com os problemas técnicos, Lost Records: Bloom & Rage – Fita 2 é uma experiência poderosa e inesquecível. Com sua história sensível, simbolismos bem implementados e uma ambientação cinematográfica, o jogo consolida sua posição como uma das melhores narrativas interativas dos últimos anos.
A Don’t nod acerta novamente ao tratar temas delicados com respeito, emoção e muita sensibilidade. Uma verdadeira carta de amor à adolescência e às amizades que resistem ao tempo — e à dor.